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"Nosso Grupo de Genealogia da Familia Freire será tão forte quanto seus membros o façam"

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Biografia de 

Gilberto de Mello Freire

mais conhecido como 

GILBERTO FREYRE


Gilberto de Mello Freire

Gilberto de Mello Freire, nasce na cidade de  Recife, no estado de Pernambuco, em 15 de março de 1900, filho do Dr. Alfredo Alves da Silva Freire, educador, Juiz de Direito e catedrático de Economia Política da Faculdade de Direito do Recife e Autor do livro Dos 8 aos 80 anos UFPE. Recife. 1970, filho Alfredo Alves da Silva Freire, nascido em 1874 e faleceu em 1961, Senhor de Engenho, e de sua mulher Maria Raymunda da Rocha Wanderley. Gilberto de Mello Freire casou-se com  D.Francisca de Mello Freire, e em segundas núpcias com Madalena.

 

Árvore Genealógica de 

Gilberto de Mello Freire 

José Alves da Silva Freire, Senhor de Engenho, Juiz de Órfãos e Municipal em 1835, assassinado em Santo Antão, com pelo menos 3 filhos:  

1.1. Alfredo Alves da Silva Freire, Senhor de Engenho, casado com Maria Raymunda da Rocha Wanderley. Pais de:.

2.1. Alfredo Alves da Silva Freire Júnior, natural de Água Preta, Pernambuco, nasceu em 1875, e faleceu em 1961, de descendência espanhola. Juiz de Direito. Casou-se, em 1895, com 20 anos de idade, com Francisca de Melo Freire (falecida em agosto de 1943), com quem teve vários filhos, entre os quais, são mais conhecidos os 2 seguintes:

3.1. Gilberto de Mello Freire, sociólogo, casou-se com  D.Francisca de Mello Freire, e em segundas núpcias, em 1941, com 41 anos de idade, casou-se com Magdalena Guedes Pereira. Pais de:
 

4.1- Sônia Freire, é Presidente da Fundação Gilberto Freyre, criada pelo próprio Gilberto em 1987 e localizada na sua famosa CASA DE APIPUCOS.

4.2- Fernando Alfredo Guedes Pereira de Mello Freyre faleceu em 18.07.1987. casado com Maria Cristina Suassuna de Mello Freyre, ele é hoje(2003), o Presidente do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, localizado num dos bairros do Recife(Bairro de Apipucos), foi também Presidente do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, este Instituto tinha sido fundado por Gilberto, quando ainda Deputado Federal, em 21.07.1949, como órgão do Ministério da Educação e Cultura, do Governo Federal. Pais de:
 

5.1- Gilberto de Mello Freire Neto, natural de Recife, Após os estudos primários em sua terra natal, no Colégio Salesiano Sagrado Coração, deslocou-se para outros centros, onde também estudou. Entre 1992/1993 cursou Artilharia de Campanha, no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Recife. Em 1995, fez a Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea, na Vila Militar, do Rio de Janeiro. Formou-se em Administração e Informática, na Universidade Federal de Pernambuco, em 2000. Especializou-se em Tecnologia da Informática, na UFPE, do Recife, em 2002. Em Paris, França, fez especialização em Formação Técnica e Pedagógica, em julho de 2002. Neto de Gilberto Freyre e de Madalena Freyre(outrora Magdalena Guedes Pereira).
5.2-
5.3-

3.2. Ulysses de Mello Freire

1.2. José Alves da Silva Freire (na dúvida). (Int).

1.3. Paulino Augusto da Silva Freire, vivia em 1844, Pernambuco, talvez parente de José Alves da Silva Freire, anterior. (Int).  

 

PS: Sobre os Silva Freire, hoje sabido, judeus sefardins, conforme exame genético feito pelos sobrinhos e netos de Gilberto de Mello Freire.

 

GILBERTO FREYRE NETO (Gilberto de Mello Freyre Neto), de Recife, Pernambuco, 09.08.1973, filho de Fernando Alfredo Guedes Pereira de Mello Freyre e de Maria Cristina Suassuna de Mello Freyre. Após os estudos primários em sua terra natal, no Colégio Salesiano Sagrado Coração, deslocou-se para outros centros, onde também estudou. Entre 1992/1993 cursou Artilharia de Campanha, no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Recife. Em 1995, fez a Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea, na Vila Militar, do Rio de Janeiro. Formou-se em Administração e Informática, na Universidade Federal de Pernambuco, em 2000. Especializou-se em Tecnologia da Informática, na UFPE, do Recife, em 2002. Em Paris, França, fez especialização em Formação Técnica e Pedagógica, em julho de 2002. Neto de Gilberto Freyre e de Madalena Freyre(outrora Magdalena Guedes Pereira).

Seu pai, Fernando Freyre, além de ser filho caçula de Gilberto Freyre, foi também Presidente do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, durante muito tempo, especialmente logo após a morte do pai em 18.07.1987. Este Instituto tinha sido fundado por Gilberto, quando ainda Deputado Federal, em 21.07.1949, como órgão do Ministério da Educação e Cultura, do Governo Federal. Em 1950, seu avo Gilberto, foi considerado pela UNESCO em Paris, na França, como um dos “oito maiores especialistas do mundo em Ciências Humanas”. Sobre ele(Gilberto Freyre), já foram escritos centenas de livros, entre os quais, GILBERTO FREYRE- O EX-PROTESTANTE, de Mário Ribeiro Martins, Imprensa Metodista, São Paulo, 1973. Concernente a esse livro, disse o próprio Gilberto Freyre, in FOLHA DE SÃO PAULO, 29.03.1981: “ Um simpático Dr. Mário Ribeiro Martins publicou há pouco um opúsculo – GILBERTO FREYRE, O EX-PROTESTANTE- recordando meus contatos de adolescente- quase menino de 17 anos- com o evangelismo. Contatos e tendências de que me orgulho. Duraram ano e meio. Mas ano e meio que me enriqueceram a vida e o conhecimento da natureza humana, no sentido de relações dos homens com Deus e com o Cristo, que é um sentido de que ainda hoje guardo comigo parte nada insignificante. Pena que não me tenha ouvido outras vezes. Eu lhe teria contado coisas mais de interesse para o seu estudo”.

Quanto a Gilberto Freyre Neto, com o passar do tempo tornou-se Superintendente da Fundação Gilberto Freyre. Esta Fundação tinha sido fundada em 11.03.1987, por Gilberto Freyre, antes de morrer(morreu em 18.07.1987), juntamente com os seus familiares, entre os quais, Madalena Freyre(esposa e primeira presidente) e os dois filhos Sônia Maria Freyre Pimentel(mais velha) e Fernando Freyre(mais novo). A Fundação está hoje localizada na Vivenda Santo Antonio de Apipucos, Rua Dois Irmãos, 320, Apipucos, Recife, Pernambuco, 52071-440. Esta mansão também já foi chamada de “SOLAR DE APIPUCOS”. Atualmente(2005), a Fundação tem como Presidente Fernando Freyre e como Vice-Presidente Sônia Freyre. Em 2004, já com 31 anos de idade, Gilberto Freyre Neto fez curso de Gestão Cultural, em Paris, na França. Sobre seu bisavô, Alfredo Freyre, pai de Gilberto, leia-se “QUEM FOI ALFREDO FREYRE?”, neste endereço: www.usinadeletras.com.br/exibelotextoautor.phtml?user=mariorm. Apesar de sua importância, Gilberto Freyre Neto não é mencionado na ENCICLOPÉDIA DE LITERATURA BRASILEIRA, de Afrânio Coutinho e J. Galante, edição do MEC, 1990, com revisão de Graça Coutinho e Rita Moutinho, em 2001 ou DICIONÁRIO HISTÓRICO-BIOGRÁFICO BRASILEIRO(2001), da Fundação Getúlio Vargas e nem é estudado, em nenhuma das enciclopédias nacionais, Delta, Barsa, Larousse, Mirador, Abril, Koogan/Houaiss, Larousse Cultural, etc. É verbete do DICIONÁRIO BIOBIBLIOGRÁFICO REGIONAL DO BRASIL, de Mário Ribeiro Martins, via INTERNET, dentro de ENSAIO, no site www.usinadeletras.com.br/exibelotextoautor.phtml?user=mariorm.
 

FABRICIO CÉSAR FREIRE, de Butirana, Colinas do Maranhão, 29.03.1893, escreveu, entre outros, “MANIFESTO TOCANTINENSE”, sem dados biográficos. Conforme alguns autores, teria nascido em Feira de Santana ou Vitória da Conquista, o que não tem procedência. Apenas viveu algum tempo nestas duas cidades baianas.

Ficou órfão de pai aos 5 anos de idade, sendo criado pelos avós. Após os estudos primários em sua terra natal, peregrinou por várias partes do Brasil. Nos idos de 1906, quando tinha 13 anos de idade, foi para Manaus, morar com um tio e trabalhar com o primo Agostinho César de Oliveira, dono de Tipografia, estudando no Colégio Anacleto Queiroz, onde foi aluno de Geometria do poeta Maranhão Sobrinho, quando também se tornou Tipógrafo, conforme a página 84, do livro “HOMENAGEM PÓSTUMA À MEMÓRIA DE NELSON MARANHÃO”(1996), da autoria de seu filho Alfredo Maranhão.

Em 1910, foi para o Acre, onde pegou malária. Em 1911, mudou-se para Quixeramobim, no Ceará. Em 1912, foi para São Bento da Lajes, Bahia, matriculando-se na Escola Agrícola. Sem terminar a Escola, mudou-se para Belo Campo, perto de Vitória da Conquista. Em 1914, viveu em Feira de Santana, na Bahia. Em 1915, com 22 anos de idade, fundou o Colégio Pestalozzi, em Vitória da Conquista, Bahia, fechado em 1918, por causa da Gripe Espanhola.

Depois de passar por Gameleira dos Machados, também na Bahia, lecionou no Colégio Figueiredo, de Salvador, Capital baiana.

Voltou para a sua terra natal(Colinas do Maranhão), onde se casou a primeira vez. Passou por Coroatá e radicou-se em Riachão, no Maranhão, onde se tornou Adjunto de Promotor.

Esteve em Balsas e depois em Carolina, no Maranhão. Nesta cidade, entre 1926 e 1930, foi professor do “Colégio Infantil” e fundou, juntamente com o professor José Queiroz, o “INSTITUTO RENASCENÇA”, onde estudaram quase todos os filhos de Nelson Maranhão, entre os quais, Alfredo Maranhão, Carlos, Bernardino, Sofia, Laura, Dionéia, Enóe, Maurina e Lenita.

Em Carolina, em 1927, quando já tinha 34 anos de idade, foi nomeado Escrivão de Coletoria Federal e no dia 10.04.1927, casou-se, pela segunda vez, com Margarida de Oliveira Freire, com quem teve vários filhos. Em 1942, foi nomeado Coletor Federal, indo para Balsas, no Maranhão.

Em 1948, foi transferido para Porto Nacional, onde viveu por muitos anos, até 1982, quanto foi para Goiânia. Aposentou-se em 1963, dedicando-se totalmente ao jornalismo.

Na antiga Porto Real ou Porto Imperial, tornou-se um dos fundadores, ao lado de Osvaldo Ayres da Silva, da Associação Tocantinense de Imprensa, de que também foi Presidente, com sede em Porto Nacional, na década de 1950.

Também professor de vários estabelecimentos de ensino em Porto Nacional, entre os quais, Colégio Estadual e Colégio Sagrado Coração de Jesus, de que também foi Inspetor Federal de Ensino.

Jornalista, Escritor, Ensaísta. Pesquisador, Memorialista, Idealista. Visionário, Produtor Cultural, Fiscal de Rendas.

Foi um dos redatores, ao lado de João Matos Quinaud, do jornal “O ESTADO DO TOCANTINS”, do Juiz de Direito de Porto Nacional, Feliciano Machado Braga, no período de 1956 e até 1961, quando este foi promovido para a Terceira Vara Civil da Comarca de Anápolis. Relembre-se que o jornalista Otávio Barros transformou o seu jornal TRIBUNA DA AMAZÔNIA, fundado em 1973, no jornal O ESTADO DO TOCANTINS, em 1975.

Recebeu da Câmara Municipal de Porto Nacional, em 1977, o título de “CIDADÃO PORTUENSE”.

Mudou-se para Goiânia, em 1982. Faleceu na Capital de Goiás, no dia 15.10.1984.

É estudado no DICIONÁRIO BIOBIBLIOGRÁFICO DE GOIÁS, de Mário Ribeiro Martins. Mencionado nos livros “BREVE HISTÓRIA DO TOCANTINS E DE SUA GENTE-UMA LUTA SECULAR”, de Otávio Barros e “HISTÓRIA DIDÁTICA DO TOCANTINS”, de Liberato Póvoa, além de “HISTÓRIA DE PORTO NACIONAL”, de Durval Godinho, bem como “HOMENAGEM PÓSTUMA À MEMÓRIA DE NELSON MARANHÃO”, livro organizado pelo seu filho Alfredo Maranhão.

Encontra-se na ESTANTE DO ESCRITOR TOCANTINENSE, da Biblioteca Pública do Espaço Cultural de Palmas. Na Academia Tocantinense de Letras é Patrono da Cadeira 36, atualmente(2001) ocupada pelo escritor Francisco Mendonça, natural de Paraisópolis(1928), Minas Gerais e que foi o responsável pela mais importante pesquisa sobre a vida de Fabrício César Freire, levantando fatos que não se encontram em livros, mas que foram colocados em seu discurso de posse na Academia.

Biografado no DICIONÁRIO BIOBIBLIOGRÁFICO DO TOCANTINS, de Mário Ribeiro Martins, MASTER, Rio de Janeiro, 2001.
 

 

Biografia de

Alfredo Alves da Silva Freire Júnior

(pai de Gilberto Freire)

 

ALFREDO FREYRE - Alfredo Alves da Silva Freire Júnior, de Água Preta, Pernambuco, 1875, traduziu, entre outros, NOVO MANUAL NORMAL-1918(com Aline Muirhead). Traduziu, posteriormente, A IGREJA DO NOVO TESTAMENTO, publicado pela Tipografia do C.A.B (Colégio Americano Batista), em 1919.

Filho de Alfredo Alves da Silva Freire e Maria Raymunda da Rocha Wanderley. Casou-se, em 1895, com 20 anos de idade, com Francisca de Melo Freire (falecida em agosto de 1943), com quem teve vários filhos, entre os quais, são mais conhecidos Ulysses de Mello Freire e Gilberto Freyre (Gilberto de Melo Freyre).

Após os estudos iniciais em sua terra natal, mudou-se para o Recife, em cuja Faculdade de Direito, Bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, tornando-se Advogado. O pai de Alfredo Freyre, de descendência espanhola, foi comissário de açúcar no Recife e dono dos Engenhos Trombetas e Mascatinho, mas quando morreu, como tinha muitos filhos, em virtude de três casamentos, quase nada sobrou para o filho Alfredo Freyre que teve de trabalhar, inicialmente como Professor, Advogado e depois como Juiz para sustentar a família.

Juntamente com os missionários norte-americanos, fundou, em 1905, o Colégio Americano Batista Gilreath, na hoje Rua Dom Bosco, Boa Vista, Recife, do qual foi professor e Diretor. Foi professor de Latim de seu filho Gilberto Freyre, no dito Colégio.

Com o passar do tempo, tornou-se Juiz Municipal, Juiz de Direito e Juiz Substituto Federal no Recife. Na Faculdade de Direito, tornou-se Catedrático de Economia Política.

Mas, há aspectos da vida do Dr. Alfredo Freyre, pouco mencionados ou propositadamente esquecidos.

Articulistas e historiadores têm o hábito de referir-se ao Dr. Alfredo Freyre, apenas com a expressão: “O PAI DE GILBERTO FREYRE”. Há um pouco de esquecimento à pessoa insigne do Juiz Pernambucano, talvez pela expressividade do filho.

Todos os relatórios da época enviados à JUNTA DE RICHMOND, nos Estados Unidos, mencionavam seu nome. No relatório de 27.11.1908, quando o Colégio do Parque Amorim tinha apenas 3(três) anos de idade, está escrito: “Dr. Alfredo Freyre, nosso mais sábio professor de Português e Francês”(H.H.Muirhead, “Annual Report of the Boys`Academy of the Pernambuco Mission”, in ANNUAL OF THE SOUTHERN BAPTIST CONVENTION, 1909. Nasville, Tenn: Marshall & Bruce Company, 1909, p.94.

Referindo-se a uma verba que viera da Missão Norte-Americana, para a compra da última parte da propriedade do Colégio, escreveu H. H. Muirhead: “A Missão inteira, inclusive Dr. Alfredo Freyre, nosso esplêndido professor nativo, riu e gritou, cantou hinos e se abraçou, de tal modo que os vizinhos pensaram que nós estivéssemos prontos para o asilo”(H. H. Muirhead, “Seventy-first Annual Report of the Foreign Mission Board- Pernambuco Field”. ANNUAL OF THE SOUTHERN BAPTIST CONVENTION, 1916, p. 163).

Sobre a situação religiosa do Dr. Alfredo Freyre, há o seguinte depoimento de H. H. Muirhead: “Dr. Alfredo Freyre tem sido sempre liberal em seus pontos de vista religiosos e é agora um crente professo, embora não batizado ainda”(H. H. Muirhead, “Seventy-third Annual Report of the Foreign Mission Board-North Brazil Mission”. ANNUAL OF THE SOUTHERN BAPTIST CONVENTION, 1918, p. 217).

W. C. Taylor, no seu relatório de 1921, solicitou a atenção da JUNTA DE RICHMOND, para a importância do Dr. Alfredo Freyre, escrevendo: “É justo também que este reconhecimento seja dado como dívida dos batistas do Sul dos Estados Unidos e batistas brasileiros ao Dr. Alfredo Freyre. Ele tem ensinado a cerca de 40(quarenta) missionários norte-americanos, colocando-os em contato com a vida brasileira. É sua capacidade que tem guiado, incólume, nossas instituições. Tem sido pregador constante da mensagem do cristianismo contra a corrente do materialismo. Tem influenciado poderosamente nossos estudantes para o bem. A compreensão que ele tem do seu próprio povo tem resistido a movimentos imorais na vida estudantil”.

“É sua devoção ao ensino”-continua W. C. Taylor- “sem qualquer preocupação de lucro e honra, que tem tão ricamente dotado nossa escola com a dádiva de seu GÊNIO E O CHARME DE SUA PERSONALIDADE” (W. C. Taylor, “Seventy-seventh Annual Report of the Foreign Mission Board-North Brazil Mission”. ANNUAL OF THE SOUTHERN BAPTIST CONVENTION, 1922, p. 222).

O Dr. Alfredo Freyre traduziu, juntamente com D. Aline Muirhead, o chamado NOVO MANUAL NORMAL que foi adotado pelas Igrejas Batistas do Brasil, nos idos de 1918. Traduziu, posteriormente, o livro intitulado A IGREJA DO NOVO TESTAMENTO, publicado pela Tipografia do C.A.B(Colégio Americano Batista), em 1919.

Coube ainda ao Dr. Alfredo Freyre fazer a apresentação da BREVE HISTÓRIA DOS BATISTAS, traduzida pela classe de História do Seminário Batista do Norte do Brasil, dirigida pelo Prof. H. H. Muirhead, e publicada em 1918, no Recife, pela Tipografia de A MENSAGEM.

De sua apresentação, destacam-se as frases: “Não é a nosso ver, a simples história de uma seita religiosa através dos tempos e dos paises. É muito mais. É a historia da democracia. É o registro de um grande esforço pela Liberdade Religiosa. Vêde e contemplai esse povo forte guardando a sua pureza de princípios e sempre fiel ao Novo Testamento”.(Henrique C. Vedder, BREVE HISTÓRIA DOS BAPTISTAS. Traduzida pela classe de História do Seminário. Recife: Typographia d`A Mensagem, 1918, p. 2).

Dr. Alfredo Freyre, conforme Carlos Barbosa, foi professor de quase todas as disciplinas no Colégio Americano Gilreath, tendo sido contratado para Português e Francês. Lecionou, contudo, Direito Comercial, Economia Política, Literatura, Língua Latina, etc. Permaneceu nesta instituição de 1907 até 1934.(Carlos Barbosa, “Colégio Americano Baptista”, CORREIO DOUTRINAL, 22.01.1926, p.6).

W. C. Taylor, referindo-se à importância e simpatia do Dr. Alfredo Freyre, escreveu: “Crente declarado, grande amigo do Evangelho, que no tempo das perseguições teve, como Juiz, de ser respeitado. Colocou-se a frente dos nossos cultos, com maravilhosa paciência e habilidade, comprando, inclusive, para nós todas as nossas grandes propriedades no Recife. Foi nosso Advogado em cada momento, constante defensor do Evangelho de mil maneiras, professor de mais de 60 missionários.(W.C. Taylor, A BRIEF SURVEY OF THE HISTORY BRAZILIAN BAPTIST DOCTRINE. Rio de Janeiro, 1955. p.35).

A contribuição do Dr. Alfredo Freyre foi de tal modo significativa que, em 1915, mesmo sem ser batizado na Igreja Evangélica, foi eleito Professor do Seminário do Norte(hoje Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil) para ensinar Latim Eclesiástico, Filosofia da Religão Cristã e Leitura Expressiva da Bíblia(A . N. Mesquita, HISTORIA DOS BAPTISTAS EM PERNAMBUCO. Recife: Typographia do C. A.. B, 1930, p. 186.

A integração do Dr. Alfredo Freyre foi tanta que W. C. Taylor escreveu: “Estamos no principio de uma classe nocturna, no MANUAL NORMAL(para a Escola Dominical Baptista), que vai continuar duas semanas. Temos uns 50 matriculados. Eu, o dr. Muirhead e o Dr. Alfredo Freyre ensinamos esta semana”(Noticiário, O JORNAL BAPTISTA, 27.03.1919, p.8).

Além de professor do Colégio Americano Batista e seu Diretor, ocupou vários outros cargos, um deles mencionado por Carlos Barbosa: “Ainda este mês(janeiro de 1925), o Dr. Alfredo Freyre foi nomeado ‘registrar’(secretário). Foi também Diretor do Departamento de Línguas do Colégio e Diretor do Departamento de Filosofia, do Seminário do Norte” (Carlos Barbosa, “Colégio Americano Baptista”, CORREIO DOUTRINAL, 22.01.1926, p.8).

Entre 1918 e 1919, Dr. Alfredo Freyre foi professor de Leitura Expressiva da Bíblia, na Escola de Trabalhadoras Cristãs(hoje Seminário de Educadoras Cristãs, na Rua Padre Inglês). Sobre esta Escola está escrito: “A Missão autorizou o Dr. Alfredo Freyre a comprar a propriedade da escola. Ele conseguiu empréstimo de um amigo, em termos generosos”(Mildred Cox Mein, CASA FORMOSA. Recife: Editora Santa Cruz, 1966, p. 26).

A convicção religiosa do Dr. Alfredo Freyre foi expressa na apresentação de suas disciplinas no Seminário do Norte, em 1918. Sobre a INTERPRETAÇÃO VOCAL E LITERÁRIA DA BIBLIA disse: “Não há parte do culto público mais importante do que a leitura da Palavra de Deus”. Sobre o LATIM ECLESIÁSTICO, escreveu: “A vulgata de Jerônimo tem um interesse especial para o pregador brasileiro, pois é a base das traduções usadas nesta terra e a única Bíblia de muitos”. Referindo-se à PHILOSOPHIA DA RELIGIÃO CHRISTÃ, acentuou: “Os pastores hão de encontrar todas as formas de philosophia e por isso devem ser instruídos no movimento philosophico atravez dos séculos”(PROSPECTO ANNUAL DO SEMINARIO BAPTISTA DO NORTE DO BRAZIL, 1918, p.20).

Dr. Alfredo Freyre permaneceu como professor do Seminário até 1919, quando saiu por pressão dos batistas radicais que acusavam os missionários norte-americanos de terem colocado no Seminário, um professor “incrédulo”. Permaneceu, no entanto, como Professor do Colégio Americano Batista até 1934, quando tinha quase 60(sessenta anos).

Em 1942, já com 67 anos de idade, chegou a ser preso no Recife, junto com o filho Gilberto Freyre, por pura perseguição politica.(Diogo de Melo Menezes, GILBERTO FREYRE. Rio de Janeiro: CEB, 1944. p.293).

Fonte: http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.phtml?cod=3741&cat=Ensaios
Ensaios-->DICIONÁRIO BIOBIBLIOGRÁFICO REG. DO BRASIL DE A a AMAR AUAD -- 30/08/2003 - 08:42 (Mário Ribeiro Martins)

 

Links sobre

Gilberto Freire



Quanto ao filho Gilberto Freyre, leia-se QUEM FOI GILBERTO FREYRE? no seguinte endereço:
www.usinadeletras.com.br/exibelotextoautor.phtml?user=mariorm

Entre as fontes pesquisadas para se escrever sobre a vida do Dr. Alfredo Freyre, destacam-se:
1)Martins, Mário Ribeiro. GILBERTO FREYRE, O EX-PROTESTANTE. São Paulo: Imprensa Metodista, 1973.
2)Meneses, Diogo de Melo. GILBERTO FREYRE. Rio de Janeiro: CEB, 1944.
3)Mesquita, A.. N. HISTORIA DOS BAPTISTAS EM PERNAMBUCO. Recife: Typographia do C. A. B., 1930.
4)Taylor, W. C. A BRIEF SURVEY OF THE HISTORY BRAZILIAN BAPTIST DOCTRINE. Rio de Janeiro, 1955.
5)Crabtree, A.. R. BAPTISTS IN BRAZIL. Rio de Janeiro: Baptist Publishing House, 1953.
6)Freyre, Gilberto. “DEPOIMENTO DE UM EX-MENINO PREGADOR”, in DIÁRIO DE PERNAMBUCO. Recife, 31 de dezembro de 1972.
7)A MENSAGEM. Recife: Jornal dos Baptistas do Norte do Brasil, 1918.
8)ANNUAL OF THE SOUTHERN BAPTIST CONVENTION. Nashville, Tenn: Marshall & Bruce Company, 1909.
9)LIVRO DE ACTAS DA PRIMEIRA IGREJA BAPTISTA DO RECIFE, 1915-1920.
10)Mathews, David. CARTA DA SEVENTH & JAMES BAPTIST CHURCH. Waco, Texas, 05.01.1973.


Fonte: http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.phtml?cod=3741&cat=Ensaios
Ensaios-->DICIONÁRIO BIOBIBLIOGRÁFICO REG. DO BRASIL DE A a AMAR AUAD -- 30/08/2003 - 08:42 (Mário Ribeiro Martins)

 

 

Biografia de

Gilberto Freire

Aos seis anos de idade tenta fugir de casa,  escondendo-se em Olinda, cidade à qual devotou grande amor e da qual escreveria, em 1939, o 2° Guia Prático, Histórico e Sentimental.

Inicia seus estudos freqüentando o Jardim da Infância do Colégio Americano Gilreath, em 1908. Faz seu primeiro contato com a literatura através das Viagens de Gulliver. Mas, apesar de seu interesse, não consegue aprender a escrever, fazendo-se notar pelos desenhos. Toma aulas particulares com o pintor Telles Júnior, que reclama contra sua insistência em deformar os modelos. Começa a aprender a ler e escrever em inglês com Mr. Williams, que elogia seus desenhos.

Em 1909 falece sua avó materna, que viva a mimá-lo por supor ser o neto retardado, pela dificuldade em aprender a escrever. Ocorrem suas primeiras experiências rurais de menino de engenho, nessa época, quando passa temporada no Engenho São Severino do Ramo, pertencente a parentes seus. Mais tarde escreverá sobre essa primeira experiência numa de suas melhores páginas, incluída em Pessoas, Coisas & Animais.

Nas férias de 1911 passa seu primeiro verão na praia de Boa Viagem, onde escreve um soneto camoniano e enche muitos cadernos com desenhos e caricaturas.

Dá as primeiras aulas no Colégio, em 1913. 

Em 1914, ensina Latim, que aprendeu com o próprio pai, conhecido humanista recifense. Toma parte ativa nos trabalhos da sociedade literária do colégio. Torna-se redator-chefe do jornal impresso do colégio: O Lábaro.

Em 1915, tem lições particulares de Francês com Madamme Meunieur. 

Corresponde-se, em 1916, com o jornalista paraibano Carlos Dias Fernandes, que o convida a proferir palestra na capital do Estado, João Pessoa. Seu pai  não apreciava Carlos Dias Fernandes, pela vida boêmia que levava. Mesmo assim Gilberto Freyre viaja autorizado pela mãe e lê no Cine-Teatro Pathé sua primeira conferência pública, dissertando sobre Spencer e o problema da educação no Brasil. O texto foi publicado no jornal O Norte, com elogios de Carlos Dias Fernandes.

Influenciado pelos mestres do colégio, tanto quanto pela leitura do Peregrino de Bunyan e de uma biografia do Dr. Livingstone, toma parte em atividades evangélicas e visita a gente miserável dos mocambos recifenses. Interessa-se pelo socialismo cristão, mas lê como uma espécie de antídoto a seu misticismo, autores como Spencer e Comte.

Diário de Pernambuco, com uma série de cartas intituladas "Da outra América".

Geologia do Brasil". Ensina francês a jovens oficiais norte-americanos convocados para a guerra. Estuda Literatura com A. J. Armstrong, professor de literatura e crítico literário especializado na filosofia e na poesia de Robert Browning. Escreve os primeiros artigos em inglês publicados por um jornal de Waco. Divulga suas primeiras caricaturas.

Segue, em 1921, na Faculdade de Ciências Políticas (inclusive as Ciências Sociais Judiciais) da Universidade de Colúmbia, cursos de graduação e pós-graduação. Conhece pessoalmente Rabindranath Tagore e o Príncipe de Mônaco. A convite de Amy Lowell, visita-a em Boston. Segue, na Universidade de Colúmbia, o curso do Professor Zimmern, da Universidade de Oxford, sobre a escravidão na Grécia. Visita a Universidade de Harvard e o Canadá. É hóspede da Universidade de Princeton, como representante dos estudantes da América Latina que ali se reúnem em congresso. Torna-se editor-associado da revista El Estudiante Latino-Americano, publicada mensalmente em Nova Iorque pelo Comitê de Relações Fraternais entre Estudantes Estrangeiros. Publica diversos artigos no referido periódico.

Defende, em 1922, tese para o grau de M.A. (Magister Artium ou Master of Arts) na Universidade de Colúmbia intitulada Social life in Brazil in the middle of the 19th Century, publicada em Baltimore pela Hispanic American Historical Review e recebida com elogios pelos professores Haring Shepherd, Robertson, Martin, por Oliveira Lima e H. L. Mencken, que aconselha o autor a expandir o trabalho em livro. Deixa de comparecer à cerimônia de formatura, seguindo imediatamente para a Europa, onde recebe o diploma, enviado pelo Reitor Nicholas Murray Butler. Visita a França, a Alemanha, a Bélgica, tendo antes estado na Inglaterra. Visista, também, a Espanha e conhece Portugal. Convive com Vicente do Rego Monteiro e com outros artistas modernistas brasileiros como Tarsila do Amaral e Brecheret. Na Alemanha conhece o Expressionismo, na Inglaterra, o ramo inglês do Imagismo, já seu conhecido nos Estados Unidos. Na França, o anarco-sindicalismo de Sorel e o federalismo monárquico de Maurras.

Vem o ano de 1923 e ele continua em Portugal, onde conhece João Lúcio de Azevedo, o Conde de Sabugosa, Fidelino de Figueiredo, Joaquim de Carvalho, Silva Gaio. Regressa ao Brasil e volta a colaborar no Diário de Pernambuco. Da Europa escreve artigos para a Revista do Brasil (São Paulo), a pedido de Monteiro Lobato.

Retorna ao Brasil em 1924 e reintegra-se no Recife, onde conhece José Lins do Rego, incitando-o a escrever romances, em vez de artigos políticos. Funda-se no Recife, a 28 de abril o "Centro Regionalista do Nordeste", com Odilon Nestor, Amaury de Medeiros, Alfredo Freyre, Antônio Inácio, Morais Coutinho, Carlos Lyra Filho, Pedro Paranhos, Júlio Bello e outros. Excursões pelo interior do Estado de Pernambuco e pelo Nordeste com Pedro Paranhos, Júlio Bello (que a seu pedido escreveria as Memórias de um senhor de engenho) e seu irmão Ulysses Freyre. Lê, na capital do Estado da Paraíba conferência publicada no mesmo ano: "Apologia pro generatione sua".

Diário de Pernambuco, em 1925, organiza o livro comemorativo do primeiro centenário de fundação do referido jornal: Livro do Nordeste, onde foi publicado pela primeira vez o poema modernista de Manuel Bandeira "Evocação do Recife", escrito a seu pedido. O Livro do Nordeste consagrou, ainda, o até então desconhecido pintor Manoel Bandeira e publica desenhos modernistas de Joaquim Cardozo e Joaquim do Rego Monteiro. Lê na Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco uma conferência sobre Dom Pedro II, publicada no ano seguinte.

Conhece, em 1926, a Bahia e o Rio de Janeiro, onde faz amizade com o poeta Manuel Bandeira, os escritores Prudente de Morais Neto (Pedro Dantas), Rodrigo M. F. de Andrade, Sérgio Buarque de Holanda, o compositor Villa-Lobos. Por intermédio de Prudente, conhece Pixinguinha, Donga e Patrício e se inicia na nova música popular brasileira em noitadas boêmias. Escreve um poema longo, modernista ou imagista e ao mesmo tempo regionalista e tradicionalista, do qual Manuel Bandeira dirá depois que é um dos mais saborosos do ciclo das cidades brasileiras: "Bahia de todos os santos e de quase todos os pecados" (publicado no Recife, no mesmo ano, em edição da Revista do Norte, reeditado, em 20 de junho de 1942, na revista O Cruzeiro e incluído no livro Talvez poesia). Segue para os Estados Unidos como delegado do Diário de Pernambuco ao Congresso Pan-Americano de Jornalistas. É convidado para redator-chefe do mesmo jornal e para oficial de gabinete do Governador eleito de Pernambuco, então vice-presidente da República. Colabora (artigos humorísticos) na Revista do Brasil com o pseudônimo de J. J. Gomes Sampaio. Publica-se no Recife a conferência lida, no ano anterior, na Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco: "A propósito de Dom Pedro II" (edição da Revista do Norte; incluída, em 1944, no livro Perfil de Euclydes e outros perfis). Promove no Recife o 1º Congresso Brasileiro de Regionalismo.

Em 1927, assume o cargo de oficial de gabinete do novo Governador de Pernambuco, Estácio de Albuquerque Coimbra, casado com a prima de Alfredo Freyre, Joana Castelo Branco de Albuquerque Coimbra.

Dirige, em 1928,a pedido de Estácio Coimbra, o jornal A Província, onde passam a colaborar os escritores novos do Brasil. Publica no mesmo jornal artigos e caricaturas com diferentes pseudônimos: Esmeraldino Olímpio, Antônio Ricardo, Le Moine, J. Rialto e outros. Nomeado pelo Governador Estácio Coimbra, por indicação do diretor A. Carneiro Leão, torna-se professor da Escola Normal do Estado de Pernambuco: primeira cadeira de Sociologia que se estabelece no Brasil com moderna orientação antropológica e pesquisas de campo.

Acompanhando Estácio Coimbra ao exílio, em 1930, em viagem por mar que começou na Bahia, conhece parte do continente africano (Dacar, Senegal) e inicia, em Lisboa, as pesquisas e estudos em que se basearia Casa-grande & senzala ("Em outubro de 1930 ocorreu-me a aventura do exílio. Levou-me primeiro à Bahia: depois a Portugal, com escala pela África. O tipo de viagem ideal para os estudos e as preocupações que este ensaio reflete", como escreverá no prefácio do mesmo livro)

A convite da Universidade de Stanford, em 1931, segue para os Estados Unidos, como professor extraordinário daquela Universidade. Volta, no fim do ano, para a Europa, demorando-se na Alemanha, em novos contatos com seus museus de antropologia, de onde regressa ao Brasil.

Continua, no Rio de Janeiro, em 1932, as pesquisas para a elaboração de Casa-grande & senzala, em bibliotecas e arquivos. Recusando convites para empregos que lhe foram feitos pelos membros do novo governo brasileiro — um deles José Américo de Almeida — vive, então, com grandes dificuldades financeiras, hospedando-se em casas de amigos e em pensões baratas do então Distrito Federal. Estimulado pelo seu amigo Rodrigo M. F. de Andrade, contrata com o poeta Augusto Frederico Schmidt — editor à época — a publicação do livro por 500 mil reis mensais, que recebe com irregularidades constantes. Regressa ao Recife, onde continua a escrever Casa-grande & senzala, na casa do seu irmão Ulysses Freyre.

Em 1933, conclui o livro, enviando os originais ao editor Schmidt, que o publica em dezembro.

Aparecem, em princípios de 1934, nos jornais do Rio de Janeiro os primeiros artigos sobre Casa-grande & senzala, escritos por Yan de Almeida Prado, Roquette Pinto, João Ribeiro e Agrippino Grieco, todos elogiosos. Organiza no Recife o 1º Congresso de Estudos Afro-Brasileiros. Recebe o prêmio da Sociedade Felipe d'Oliveira pela publicação Casa-grande & senzala. Lê na mesma Sociedade conferência sobre "O escravo nos anúncios de jornal do tempo do Império", publicada na revista Lanterna Verde. Regressa ao Recife e lê, no dia 24 de maio, na Faculdade de Direito e a convite de seus estudantes, conferência publicada, no mesmo ano, pela Editora Momento: "O estudo das ciências sociais nas universidades americanas". Publica-se no Recife (Oficinas Gráficas The Propagandist, edição de amigos do autor, tiragem de apenas 105 exemplares em papel especial e coloridos a mão por Luís Jardim) o Guia prático, histórico e sentimental da cidade do Recife, inaugurando, em todo o mundo, um novo estilo de guia de cidade, ao mesmo tempo lírico e informativo e um dos primeiros livros para bibliófilos publicados no Brasil.

A pedido dos alunos da Faculdade de Direito do Recife, em 1935, e por designação do Ministro da Educação, inicia na referida escola superior um curso de Sociologia com orientação antropológica e ecológica. Segue, em setembro, para o Rio de Janeiro, onde, a convite de Anísio Teixeira, dirige na Universidade do Distrito Federal o primeiro curso de Antropologia Social e Cultural da América Latina. Publica-se no Recife (Edições Mozart) o livro Artigos de jornal. Profere, a convite de estudantes paulistas de Direito, no Centro XI de Agosto, da Faculdade de Direito de São Paulo, a Conferência "Menos Doutrina mais Análise", tendo sido saudado pelo estudante Osmar Pimentel.

Publica-se no Rio de Janeiro (Companhia Editora Nacional, volume 64 da coleção Brasiliana), em 1936, o livro que é uma continuação da série iniciada com Casa-grande & senzala: Sobrados e mocambos. Viaja à Europa, visitando a França e Portugal.

Em 1937 retorna à Europa, desta vez como delegado do Brasil ao Congresso de Expansão Portuguesa no Mundo, reunido em Lisboa. Lê conferências nas Universidades de Lisboa, Coimbra e Porto e na de Londres (King's College), publicadas no Rio de Janeiro no ano seguinte. Regressa ao Recife e lê conferência política no Teatro Santa Isabel, a favor da candidatura de José Américo de Almeida à presidência da República. A convite de Paulo Bittencourt, inicia colaboração semanal no Correio da Manhã. Publica-se no Rio de Janeiro (José Olympio) o livro Nordeste (aspectos da influência da cana sobre a vida e a paisagem do Nordeste do Brasil).

É nomeado, em 1938, membro da Academia Portuguesa de História pelo presidente Oliveira Salazar. Segue para os Estados Unidos como lente extraordinário da Universidade de Colúmbia, onde dirige seminário sobre Sociologia e História da Escravidão. Publica-se no Rio de Janeiro (Serviço Gráfico do Ministério da Educação e Saúde) o livro Conferência na Europa.

Em 1939 faz sua primeira viagem ao Rio Grande do Sul. Segue, depois para os Estados Unidos, como professor extraordinário da Universidade de Michigan. Publica-se no Rio de Janeiro (José Olympio) a primeira edição do livro Açúcar (um livro de receitas) e, no Recife (edição do autor, para bibliófilos), Olinda, 2º guia prático, histórico e sentimental da cidade brasileira. Publica-se em Nova Iorque (Instituto de las Españas en los Estados Unidos) O Escritor Gilberto Freyre, vida y obra. , do historiador Lewis Hanke. 

A convite do Governo português, lê no Gabinete Português de Leitura do Recife a conferência (publicada no Recife, no mesmo ano, em edição particular) "Uma cultura ameaçada: a luso-brasileira", em 1940. Faz conferências em diversas cidades brasileira: Aracaju, Ministério das Relações Exteriores (DF), Porto Alegre, e outras mais. Publica-se em Nova Iorque (Columbia University Press) o opúsculo Some aspects of the social development on Portuguese America, separata d'O Escritor. Publicam-se no Rio de Janeiro (José Olympio) os livros Um engenheiro francês no Brasil e O mundo que o Português criou, com longos prefácios, respectivamente, de Paul Arbousse Bastide e Antônio Sérgio. Prefacia e anota o Diário íntimo do engenheiro Vauthier, publicado no mesmo ano pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

No ano de 1941, casa-se no Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro com a senhorita Maria Magdalena Guedes Pereira. Viaja ao Uruguai, Argentina e Paraguai. Torna-se colaborador de La Nación (Buenos Aires), dos Diários Associados, do Correio da Manhã e de A Manhã (Rio de Janeiro). Publica-se no Recife (Sociedade de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental do Nordeste) a conferência "Sociologia, Psicologia e Psiquiatria", depois expandida e incluída no livro Problemas brasileiros de antropologia e contribuição para uma Psiquiatria social brasileira que seria destacada pela Sorbonne ao doutourá-lo H.C. Publica-se no Rio de Janeiro (Casa do Estudante do Brasil) e em Buenos Aires, a conferência "Atualidade de Euclydes da Cunha" (incluída, em 1944, no livro Perfil de Euclydes e outros perfis). Ao ensejo da publicação, no Rio de Janeiro (José Olympio), do livro Região e tradição, recebe homenagem de grande número de intelectuais brasileiros, com um almoço no Jóquei Clube, em 26 de junho, do qual foi orador o jornalista Dario de Almeida Magalhães.

Em 1942, é preso no Recife, por ter denunciado, em artigo publicado no Rio de Janeiro, atividades nazistas e racistas no Brasil, inclusive as de um padre alemão a quem foi confiada, pelo governo do Estado de Pernambuco, a formação de jovens escoteiros. Juntamente com seu pai, reage à prisão, quando levado para "a imunda Casa de Detenção do Recife", sendo solto, no dia seguinte, por interferência direta do seu amigo General Góes Monteiro. Recebe convite da Universidade de Yale para ser professor de Filosofia Social, que não pôde aceitar.  É eleito para o Conselho Consultivo da American Philosophical Association. É designado pelo Conselho da Faculdade de Filosofia da Universidade de Buenos Aires "Adscrito Honorário" de Sociologia e eleito membro correspondente da Academia Nacional de História do Equador. Publica-se em Buenos Aires (Comisión Revisora de Textos de História y Geografia Americana) a primeira edição de Casa-grande & senzala em espanhol, com introdução de Ricardo Saenz Hayes. Publicam-se no Rio de Janeiro (José Olympio) o livro Ingleses e a segunda edição de Guia prático, histórico e sentimental da cidade do Recife. A Casa do Estudante do Brasil divulga, em segunda edição, a conferência "Uma cultura ameaçada: a luso-brasileira", proferida no Gabinete Português de Leitura do Recife(1940).

Visita a Bahia, em 1943, a convite dos estudantes de todas as escolas superiores do Estado. Lê diversas conferências as quais são incluídas, juntamente com os discursos proferidos nas homenagens recebidas na Bahia, no livro Na Bahia em 1943, que teve quase toda a sua tiragem apreendida, nas livrarias do Recife, pela Polícia do Estado de Pernambuco. Recusa, em carta altiva, o convite que recebeu para ser Catedrático de Sociologia da Universidade do Brasil. Inicia colaboração no O Estado de S. Paulo em 30 de setembro. Por intermédio do Itamaraty. recebe convite da Universidade de Harvard para ser seu professor, que também recusa. Publicam-se em Buenos Aires (Espasa-Calpe Argentina) as primeiras edições, em espanhol, de Nordeste e de Uma cultura ameaçada e a segunda, na mesma língua, de Casa-grande & senzala. Publicam-se no Rio de Janeiro (Casa do Estudante do Brasil) o livro Problemas brasileiros de antropologia e o opúsculo Continente e Ilha (conferência lida, em Porto Alegre, no ano de 1940 e incluída na segunda edição de Problemas brasileiros de antropologia). Publica-se também, no Rio de Janeiro ( Livros de Portugal ) uma edição de As Farpas, de Ramalho Ortigão e Eça de Queiroz, selecionadas e prefaciadas por ele, bem como a 4ª edição de Casa-grande & senzala, livro publicado a partir deste ano, pelo editor José Olympio.

Em 1944, visita Alagoas e Paraíba, a convite de estudantes desses Estados. Lê na Faculdade de Direito de Alagoas conferência sobre Ulysses Pernambucano, publicada no ano seguinte. Deixa de colaborar nos Diários Associados e em La Nación, em virtude da violação e extravio constantes de sua correspondência. Em 9 de junho de 1944, comparece à Faculdade de Direito do Recife, a convite dos alunos dessa escola, para uma manifestação de regozijo em face da invasão da Europa pelos exércitos aliados. Lê em Fortaleza a conferência "Precisa-se do Ceará". Segue para os Estados Unidos, onde lê, na Universidade do Estado de Indiana, 6 conferências promovidas pela Fundação Patten e publicadas no ano seguinte, em Nova Iorque, no livro Brazil: an interpretation. Publicam-se no Rio de Janeiro os livros Perfil de Euclydes e outros perfis (José Olympio), Na Bahia em 1943 (edição particular) e a segunda edição do guia Olinda. A Casa do Estudante do Brasil publica, no Rio de Janeiro, o livro Gilberto Freyre, de Diogo Mello Menezes, com prefácio consagrador de Monteiro Lobato.

Toma parte ativa, em 1945, ao lado dos estudantes do Recife, na campanha pela candidatura do Brigadeiro Eduardo Gomes à presidência da República. Fala em comícios, escreve artigos, anima os estudante na luta contra a Ditadura. No dia 3 de março, por ocasião do primeiro comício daquela campanha no Recife, começa a discursar, na sacada da redação do Diário de Pernambuco, quando tomba a seu lado, assassinado pela Polícia Civil do Estado, o estudante de Direito Demócrito de Sousa Filho. A UDN oferece, em sua representação na futura Assembléia Nacional Constituinte, um lugar aos estudantes do Recife e estes preferem que seu representante seja Gilberto Freyre. A Polícia Civil do Estado de Pernambuco empastela e proíbe a circulação do Diário de Pernambuco, impedindo-o de noticiar a chacina em que morreram o estudante Demócrito e um popular. Com o jornal fechado, o retrato de Demócrito é inaugurado na redação, com memorável discurso de Gilberto Freyre: "Quiseram matar o dia seguinte" (cf. Diário de Pernambuco 10 abr. 1945). Em 9 de junho, comparece à Faculdade de Direito do Recife, como orador oficial da sessão contra a Ditadura. Publicam-se no Recife (União dos Estudantes de Pernambuco) o opúsculo de sua autoria em apoio à candidatura Eduardo Gomes: Uma campanha maior do que a da Abolição e a conferência lida, no ano anterior, em Maceió: Ulysses. Publica-se em Fortaleza (edição do autor) O Escritor Gilberto Freyre e alguns aspectos da antropossociologia no Brasil, de autoria do médico Aderbal Sales. Publica-se em Nova Iorque (Knopf) o livro Brazil: an interpretation.

Eleito deputado federal, em 1946, segue para o Rio de Janeiro, a fim de tomar parte nos trabalhos da Assembléia Constituinte. Em 17 de junho, profere discurso de críticas e sugestões ao projeto da Constituição, publicado em opúsculo: "Discurso pronunciado na Assembléia Nacional Constituinte". Em 22 de junho lê no Teatro Municipal de São Paulo, a convite do Centro Acadêmico "XI de Agosto", conferência publicada no mesmo ano pela referida organização estudantil: "Modernidade e modernismo na arte política". Em 16 de julho, lê na Faculdade de Direito de Belo Horizonte, a convite de seus alunos, conferência publicada no mesmo ano: "Ordem, liberdade, mineiridade". Em agosto inicia colaboração no Diário Carioca. Em 29 de agosto, profere na Assembléia Constituinte outro discurso de crítica ao projeto da Constituição. Em novembro, a Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados indica, com aplauso do escritor Jorge Amado, membro da Comissão, o nome de Gilberto Freyre para o Prêmio Nobel de Literatura de 1947, com o apoio de numerosos intelectuais brasileiros. Publica-se no Rio de Janeiro a 5ª edição de Casa-grande & senzala e em Nova Iorque (Knopf) a edição do mesmo livro em inglês: The masters and the slaves.

Em 1947, publica-se em Londres a edição inglesa de The masters and the slaves, em Nova Iorque a segunda impressão de Brazil: an interpretation e no Rio de Janeiro, a edição brasileira deste livro em tradução de Olívio Montenegro: Interpretação do Brasil (José Olympio). Publica-se em Montevidéu O Escritor Gilberto Freyre y la sociología brasileña, de Eduardo J. Couture.

Tensões que afetam a compreensão internacional": trabalho em conjunto depois publicado em inglês e francês. Lê, no Ministério das Relações Exteriores, a convite do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (Comissão nacional da Unesco) conferência sobre o conclave de Paris. Repete na Escola do Estado-Maior do Exército a conferência lida no Ministério da Relações Exteriores.

Inicia em 18 de setembro sua colaboração no O Cruzeiro. Em dezembro, profere na Câmara dos Deputados discurso justificando a criação do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, com sede no Recife. Publicam-se no Rio de Janeiro (José Olympio) o livro Ingleses no Brasil e os opúsculos O camarada Whitman, Joaquim Nabuco e Guerra, paz e ciência (este editado pelo Ministério das Relações Exteriores). Inicia sua colaboração no Diário de Notícias.

 Em 1949, segue para os Estados Unidos, a fim de tomar parte, na categoria de ministro como delegado parlamentar do Brasil, na 4ª Conferência Internacional da Organização das Nações Unidas. Profere diversas conferências no Brasil e no exterior. Publica-se, no Rio de Janeiro (José Olympio), a conferência lida no ano anterior, na Escola de Estado-Maior do Exército: Nação e Exército. 

Em 11 de setembro de 1950, inicia colaboração diária no Jornal Pequeno, do Recife, sob o título "Linha de fogo" em prol da candidatura João Cleofas ao Governo do Estado de Pernambuco. Tem ativa vida parlamentar, proferindo inúmeros discursos. Em 08 de novembro despede-se de seus pares por não ter sido reeleito. Publica-se em Urbana (University of Illinois Press) O Escritor coletiva Tensions that cause wars, contendo as contribuições dos 8 cientistas sociais reunidos pela Unesco, em Paris, no ano de 1948. Contribuição de Gilberto Freyre : "Internationalizing Social Sciences". Publicam-se no Rio de Janeiro (José Olympio) a primeira edição do livro Quase política e a sexta de Casa-grande & senzala.

Em 1951,publicam-se no Rio de Janeiro (José Olympio) novas edições de Nordeste e de Sobrados e mocambos (esta refundida e acrescida de 5 novos capítulos). A convite na Universidade de Londres, escreve, em inglês, estudo sobre a situação do professor no Brasil, publicado, no mesmo ano, pelo Year Book of Education. Publica-se em Lisboa (livros do Brasil) a edição portuguesa de Interpretação do Brasil.

Realiza, em 1952, conferências na Europa, que lá são publicadas. O livro Casa Grande & Senzala tem sua 7a. edição lançada no Rio de Janeiro. É lançado, também, em Paris, traduzida por Roger Bastide. Passa a colaborar com o Diário Popular de Lisboa e com os Jornal do Commércio do Recife. 

Publicam-se no Rio de Janeiro (José Olympio), em 1953, os livros Aventura e Rotina  e Um brasileiro em terras portuguesas. 

Em 1954 é escolhido pela Comissão das Nações Unidas para o estudo da Situação Racial na União Sul-Africana e apresenta à Assembléia Geral da ONU um estudo por ela publicado no mesmo ano: Elimination des conflits et tensions entre les races. Publica-se no Rio de Janeiro a 8ª edição de Casa-grande & senzala e em Milão (Fratelli Bocca), a primeira edição, em italiano, de Interpretazione del Brasile. Em agosto é encenada no Teatro Santa Isabel a dramatização de Casa-grande & senzala, feita por José Carlos Cavalcanti Borges. 

Publica-se no Rio de Janeiro (Edições Condé), em 1955, o livro para bibliófilos, com ilustrações de Lula Cardoso Ayres, Assombrações do Recife velho. Publicam-se no Rio de Janeiro (Serviço de Documentação do MEC) o opúsculo Reinterpretando José de Alencar e a segunda edição do Manifesto regionalista de 1926.

Comparece ao 3º Congresso Mundial de Sociologia, realizado em Amsterdam e no qual apresenta a comunicação, publicada em Louvain, no mesmo ano, pela Associação Internacional de Sociologia: Morals and social change. Para discutir Casa-grande & senzala, e outras obras e idéias e métodos de Gilberto Freyre reúnem-se em Cerisy-LaSalle, os escritores e professores M. Simon, R. Bastide, G. Gurvitch, Leon Bourdon, Henri Gouhier, Jean Duvignaud, Tavares Bastos, Clara Mauraux, Nicolas Sombart, Mário Pinto de Andrade: talvez a maior homenagem já prestada na Europa a um intelectual brasileiro. Publica-se em Nova Iorque (Knopf) a segunda edição, em inglês, de Casa-grande & senzala. Publica-se em Paris (Gallimard) a primeira edição de Nordeste em francês: Terres du sucre. 

Publica-se, em 1957, no Rio de Janeiro (José Olympio) a 2ª edição de Sociologia; no México (Editorial Cultural) o opúsculo A experiência portuguesa no trópico americano; em Lisboa (Livros do Brasil) a primeira edição portuguesa de Casa-grande & senzala e O Escritor Gilberto Freyre's "Luso-tropicalism", de autoria de Paul V. Shaw (Centro de Estudos Políticos e Sociais da Junta de Investigações do Ultramar).

Em 1958,  Publica-se em Lisboa (Centro de Estudos Políticos e Sociais da Junta de Investigações do Ultramar) o livro, com texto em português e inglês, Integração portuguesa nos trópicos / Portuguese integration in the tropics. Publica-se no Rio de Janeiro (José Olympio) a 9ª edição brasileira de Casa-grande & senzala.

Publica-se, em 1959,  em Nova Iorque (Knopf), New world in the tropics, cujo texto contém, grandemente expandido e praticamente reescrito, o livro (publicado em 1945 pelo mesmo editor) Brazil: an interpretation; na Guatemala (Editorial de Ministério de Educación Pública "José de PinedaIbarra") o opúsculo En torno a algunas tendencias actuales de la antropologia; no Recife (Arquivo Público do Estado de Pernambuco) o opúsculo A propósito de Morão, Rosa e Pimenta; sugestões em torno de uma possível hispanotropicologia; no Rio de Janeiro (José Olympio) a primeira edição do livro Ordem e progresso (terceiro volume da série Introdução à história da sociedade patriarcal no Brasil, iniciada com Casa-grande & senzala, continuada com Sobrados e mocambos e a ser concluída com Jazigos e covas rasas, este ainda em preparo) e O velho Félix e suas Memórias de um Cavalcanti ( que é a segunda edição, aumentada, da introdução ao livro Memórias de um Cavalcanti, publicado em 1940); em Salvador (Universidade da Bahia) o livro A propósito de frades e o opúsculo Em torno de alguns túmulos afro-cristãos de uma área africana contagiada pela cultura brasileira; e em São Paulo ( Instituto Brasileiro de Filosofia) o ensaio A filosofia da história do Brasil n'O Escritor de Gilberto Freyre, de autoria de Miguel Reale.

Viaja pela Europa, em 1960, nos meses de agosto e setembro, lendo conferências em universidades francesas, alemãs, italianas e portuguesas. Publica-se em Lisboa (Livros do Brasil) o livro Brasis, Brasil e Brasília, e no Rio de Janeiro (José Olympio) a 3ª edição do livro Olinda.

Publica-se em Tóquio (Ministério da Agricultura do Japão, série de "Guias para os emigrantes em países estrangeiros"), em 1961, a edição japonesa de New world in the tropics: Atsuitai no sin sekai. Publica-se em Lisboa (Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante Dom Henrique) - em português, francês e inglês - o livro O luso e o trópico: Les portugais et les tropiques e The Portuguese and the tropics (edições separadas). Publica-se no Recife (Imprensa Universitária) o livro Sugestões de um novo contato com universidades européias; no Rio de Janeiro (José Olympio) a terceira edição brasileira de Sobrados e mocambos e a 10ª edição brasileira (11ª em língua portuguesa) de Casa-grande & senzala. Realiza diversas conferências no Brasil e no exterior.

Em fevereiro de 1962, a Escola de Samba da Mangueira desfila, no Carnaval do Rio de Janeiro, com enredo inspirado por Casa-grande & Senzala. Em agosto é admitido pelo Presidente da República como Comandante do corpo de graduados da Ordem do Mérito Militar. Em novembro, dirige na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra um curso de seis lições sobre Sociologia da História. Em 19 de novembro recebe o grau de Doutor honoris causa pela Faculdade de Letras de Coimbra. Publicam-se no Rio de Janeiro (José Olympio) os livros Talvez poesia e Vida, forma e cor, a 2ª edição de Ordem e progresso e a terceira de Sociologia; em São Paulo (Livraria Martins Editora) o livro Arte, ciência e trópico; em Lisboa (Livros do Brasil) as edições portuguesas de Aventura e rotina e de Um brasileiro em terras portuguesas. Publica-se no Rio de Janeiro (José Olympio) O Escritor coletiva Gilberto Freyre: sua ciência, sua filosofia, sua arte (ensaios sobre o autor de Casa-grande & senzala e sua influência na moderna cultura do Brasil, comemorativos do 25º aniversário da publicação desse seu livro).

Em 10 de junho de 1963, inaugura-se no Teatro Santa Isabel do Recife uma exposição sobre Casa-grande & senzala. Em 20 de agosto, o Governo de Pernambuco promulga a Lei estadual nº 4.666, de iniciativa do deputado Paulo Rangel Moreira, que autoriza a edição popular, pelo mesmo Estado, de Casa-grande & senzala. Publica-se em Nova Iorque (Knopf) a edição de Sobrados e mocambos em inglês, The mansionsand the shanties; the making of modern Brazil; em Washington, D.C. (Pan American Union) o livro Brazil; em Brasília (Editora Universidade de Brasília) a 12ª edição brasileira de Casa-grande & senzala (13ª em língua portuguesa) e no Recife (Imprensa Universitária) o livro O escravo nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX.

No ano de 1964, recebe, em setembro, o Prêmio Moinho Santista para Ciências Sociais. Viaja aos Estados Unidos e participa, como conferencista convidado, de diversos eventos. Publica-se em Nova Iorque (Knopf) uma edição abreviada (Paperback) de The masters and the slaves;  no Rio de Janeiro (José Olympio) a "semi-novela" Dona Sinhá e o filho padre, o livro Retalhos de jornais velhos (2ª edição, consideravelmente ampliada, de Artigos de jornal), e a 13ª edição brasileira de Casa-grande & senzala. Segundo noticiado, recusou convite do Presidente Castelo Branco para ser Ministro da Educação e Cultura.

Em 9 de novembro de 1965, gradua-se, in absentia, Doutor pela Universidade de Paris (Sorbonne). A consagração cultural pela Sorbonne juntou-se à recebida das Universidades da Colúmbia e de Coimbra e às quais se juntaram as de Sussex (Inglaterra) e Münster(Alemanha). Publica-se em Berlim (Kiepenheur & Witsch) a primeira edição de Casa-grande & senzala em alemão: Herrenhans und Sklavenhutte; ein bild der Brasihanischen gesellschaft

Por solicitação das Nações Unidas, apresenta ao "United Nations Human Rights Seminaron Apartheid" (realizado em Brasília, de 23 de agosto a 5 de setembro de 1966) um trabalho de base sobre "Race mixture and cultural interpenetration: the Brazilian example". Por sugestão sua, funda-se na Universidade Federal de Pernambuco. Publica-se em Barnet, Inglaterra Universidade de Colúmbia pelo The racial factor in contemporary politics; no Recife (Governo do Estado de Pernambuco) o primeiro tomo da 14ª edição brasileira (15ª em língua portuguesa) de Casa-grande & senzala (edição popular); e no Rio de Janeiro (José Olympio) a 15ª edição brasileira do mesmo livro.

Em julho de 1967, viaja aos Estados Unidos, para receber, no Instituto Aspen de Estudos Humanísticos, o Prêmio Aspen do ano. Publica-se em Lisboa (Fundação Calouste Gulbenkian) o livro Sociologia da medicina; em Nova Iorque (Knopf) a tradução da "semi-novela" Dona Sinhá e o filho padre: Mother and son, a Brazilian tale; no Recife (Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais) a 2ª edição de Mocambos do Nordeste e a 3ª edição do Manifesto regionalista de 1926; em São Paulo (Arquimedes Edições) o livro O Recife, sim! Recife, não! e no Rio de Janeiro (José Olympio) a 4ª edição de Sociologia.

Em 1968, viaja à Alemanha Ocidental, onde recebe o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Münster por seu O Escritor comparada à de Balzac. Publica-se em Lisboa (Academia Internacional da Cultura Portuguesa) o livro em 2 volumes, Contribuição para uma sociologia da biografia: o exemplo de Luiz de Albuquerque, governador de Mato Grosso no fim do século XVIII. Publica-se no Distrito Federal (Editora Universidade de Brasília) o livro Como e porque sou e não sou sociólogo; e no Rio de Janeiro (Gráfica Record Editora) as segundas edições dos livros Região e tradição e Brasis, Brasil e Brasília. Ainda no

Rio de Janeiro, publica-se (José Olympio) as quartas edições dos livros Guia prático, histórico e sentimental da cidade do Recife e Olinda, 2º Guia prático, histórico e sentimental de cidade brasileira.

Trópico & Colonização, Nutrição, Homem, Religião, Desenvolvimento, Educação e Cultura, Trabalho e Lazer, Culinária, População. Publica-se no Rio de Janeiro (José Olympio) a 16ª edição brasileira de Casa-grande & senzala.

Seleta para jovens (José Olympio) e O Escritor Nós e a Europa germânica (Grifo Edições). 

Casa-grande & senzala. A 12 de outubro recebe a Medalha de Ouro José Vasconcelos, outorgada pela Frente de Afirnación Hispanista do México. O cineasta Geraldo Sarno realiza documentário de 5 minutos intitulado "Casa-grande & senzala", de acordo com uma idéia de Aldous Huxley. O editor Alfred A. Knopf publica em Nova York O Escritor The Gilberto Freyre Reader.

Gilberto Freyre, para os melhores ensaios sobre aspectos sócio-econômicos da zona canavieira do Nordeste. Publicam-se no Rio de Janeiro suas obras Tempo morto e outros tempos (José Olympio), O Brasileiro entre os outros hispanos (idem) e Presença do açúcar na formação brasileira (I.A.A.).

Casa-grande & senzala e o IJNPS a 6ª edição do Manifesto regionalista, sendo lançada, também, a 2ª edição portuguesa de Lisboa de Casa-grande & senzala.

O outro amor do Dr. Paulo (Seminovela, continuação de Dona Sinhá e o filho padre). A Editora Nova Aguilar publica, em dezembro, O Escritor Escolhida, volume em papel bíblia que inclui Casa-grande & senzala, Nordeste e Novo mundo nos Trópicos, com introdução de Antônio Carlos Villaça, Cronologia da Vida e d'O Escritor e Bibliografia Ativa e Passiva, por Edson Nery da Fonseca. Estréia em janeiro no Nosso Teatro (Recife) a peça Sobrados e mocambos. Recebe em fevereiro, do embaixador Michel Legendre, a faixa e as insígnias de Comendador das Artes e Letras da França. É acolhido como sócio honorário do PEN Clube do Brasil. Inicia em outubro colaboração semanal na Folha de São Paulo. A Editora Ayacucho publica em Caracas a 3ª edição em espanhol de Casa-grande & senzala, com introdução de Darcy Ribeiro. As Ediciones Cultura Hispánica publicam em Madri a edição em espanhol da Seleta para jovens, com título de Antologia. A editora Espasa-Calpe publica, em Madri, Mas allá de lo Moderno, com prefácio de Julián Marías. A Livraria José Olympio Editora publica a 5ª edição de Sobrados e mocambos e a 18ª edição brasileira de Casa-grande & senzala.

Alhos & bugalhos. A Editora Cátedra publica Prefácios desgarrados. A Ranulpho Editora de Arte publica Arte & ferro, com pranchas de Lula Cardoso Ayres. O Conselho Federal de Cultura publica Cartas do próprio punho sobre pessoas e coisas do Brasil e do estrangeiro. A Editora Gallinard publica a 14ª edição de Maítres et Esclaves, na coleção TEL. A Livraria Editora José Olympio publica a 19ª edição brasileira de Casa-grande & senzala. A Fundação Cultural do Mato Grosso publica a 2ª edição de Introdução a uma sociologia da biografia.

Livro do Nordeste. É homenageado no 44º Congresso Mundial de Escritores do PEN Clube Internacional, realizado no Rio de Janeiro, ocasião em que recebe a medalha Euclides da Cunha, sendo saudado pelo escritor Mário Vargas Llosa. Recebe o grau de Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Ciências Médicas da Fundação do Ensino Superior de Pernambuco - Universidade de Pernambuco, em setembro. Profere diversas palestras no Brasil e no exterior. A Editora Artenova publica Oh de Casa! A Editora Cultrix publica Heróis e vilões no romance brasileiro. A MPM Propaganda publica Pessoas, coisas & animais, em edição fora do comércio. A Editora IBRASA publica Tempo de aprendiz.

Gilberto Freyre.

Gilberto poeta: algumas confissões, com serigrafias de Aldemir Martins, Jenner Augusto, Lula Cardoso Ayres, Reynaldo Fonseca e Wellington Virgolino e posfácio de José Paulo Moreira da Fonseca. As Edições Pirata, do Recife, publicam Poesia reunida. A Editora José Olympio publica a 20a. edição brasileira de Casa-grande & senzala, com prefácio do Ministro Eduardo Portella. A Editora José Olympio publica a 5ª edição de Olinda. A Editora José Olympio publica a 3ª edição da Seleta para jovens. A Companhia Editora Nacional publica a 2ª edição de O Escravo nos anúncios de jornais brasileiros do Século XIX. A Editora José Olympio publica a 2ª edição brasileira de Aventura e rotina.

Casa-grande & senzala, numa promoção da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional e Editora Brasil-América. Viaja à Espanha, em outubro, para tomar posse no Conselho Superior do Instituto de Cooperação Ibero-Americana, nomeado que foi pelo rei João Carlos I.

Rurbanização: o que é?. A Editora Klett-Cotta, de Stuttgart, publica a primeira edição alemã de Das Landin der Stadt Die Entwicklung der urbanen Gesellschaft Brasiliens (Sobrados e mocambos) e a segunda de Herrenhaus und Sklavenhütte (Casa-grande & senzala).

Casa-grande & senzala, ocasião em que o Diretor-Geral da Unesco, Amadou M'Bow, lhe entrega a medalha "Homenagem da Unesco". Em abril, expõe seus últimos desenhos e pinturas na Galeria Aloísio Magalhães. Em 27 de outubro, participa de sessão solene da Academia de Ciências de Lisboa e da Academia Portuguesa de História, comemorativa do cinqüentenário da publicação de Casa-grande & senzala. A Editora Massangana publica Apipucos: que há num nome?. A Editora Globo publica Insurgências e ressurgências atuais e Médicos, doentes e contextos sociais (2ª edição de Sociologia da medicina).

Casa-grande & senzala. Profere diversas palestras em capitais de Estados brasileiros.  Em setembro de 1984, o Balé Studio Um realiza no Recife o espetáculo de dança Casa-grande & senzala, sob a direção de Eduardo Gomes e com música de Egberto Gismonti. Recebe a Medalha Picasso da Unesco, desenhada por Juan Miró em comemoração do centenário do pintor espanhol. 

Oh de Casa!. Em dezembro viaja a São Paulo, sendo hospitalizado no INCOR para cirurgia de um divertículo de Zenkel (hérnia do esôfago). A Editora José Olympio publica a 7ª edição de Sobrados e mocambos e a 5ª edição de Nordeste.

agora estou em casa, meu Apipucos". Em fevereiro, volta a São Paulo para uma cirurgia de próstata no INCOR. Recebe em abril, em sua residência de Apipucos, do embaixador Bernard Dorin, a comenda de Grande Oficial da Legião de Honra, no grau de Cavaleiro. Em agosto, recebe o título de Cidadão de Aracaju. Em 28 de outubro é eleito para ocupar a cadeira 23 da Academia Pernambucana de Letras, vaga com a morte de Gilberto Osório de Andrade, na qual toma posse em dezembro. Publica-se em Budapeste a edição húngara de Casa-grande & senzala: Udvarház ès Szolga Szállás.

Gilberto Freyre. Em abril, submete-se a uma cirurgia para introdução de marca-passo. Em 18 de abril, Sábado Santo, recebe de Dom Basílio Penido O.S.B. os sacramentos da Reconciliação, da Eucaristia e dos Enfermos. Morre no Hospital Português, às 4 horas da madrugada de 18 de julho, aniversário de Madalena. É sepultado no Cemitério de Santo Amaro. A Editora Record publica Modos de homem e modas de mulher e as segundas edições de Vida, forma e cor, assombrações do Recife Velho e Perfil de Euclydes e Outros Perfís. A Editora José Olympio publica a 25ª edição brasileira de Casa-grande & senzala. O Círculo do Livro publica nova edição de Dona Sinhá e o filho padre. A Editora Massangana publica Pernambucanidade consagrada (discursos de Gilberto Freyre e Waldemar Lopes na Academia Pernambucana de Letras).

 

Gilberto Freyre

As mangueiras
o telhado velho
o pátio branco
as sombras da tarde cansada
até o fantasma da judia rica
tudo esta à espera do romance começado

um dia sobre os tijolos soltos
a cadeira de balanço será o principal ruído
as mangueiras
o telhado
o pátio
as sombras
o fantasma da moça
tudo ouvirá em silêncio o ruído pequeno."

 

 

Os dados acima foram coletados em livros sobre o autor, sites da Internet, em especial o da Fundação Gilberto Freyre.

Fonte: http://www.releituras.com/gilbertofreyre_bio.asp


Sobre sua Obra

O significado de "Casa Grande & Senzala" para a cultura brasileira

Regina Maria A. F. Gadelha

O refaciando Sociologia, de Gilberto Freyre (1945), escreve Anísio Teixeira:

“Casa Grande & Senzala não tem – como ensaio de interpretação social – muitos companheiros no mundo. [...]. Nada é em Gilberto Freyre linear ou esquemático; o seu pensamento se desdobra rico, múltiplo e maduro, antes psicológico do que lógico, preferindo a aparência da contradição à simplificação empobrecedora e primária, contanto que nenhum aspecto da realidade lhe escape e a possa apresentar em toda a sua extrema, delicada e múltipla complexidade”.1

Casa Grande & Senzala, publicada em 1933, é a obra mais importante do sociólogo Gilberto Freyre e, desde que surgiu, vem sendo considerada uma das obras de maior impacto na cultura brasileira, influenciando os estudos sociológicos, antropológicos e históricos, de maneira geral. De fato, o livro suscitou, desde sua aparição, paixões e críticas, mas nunca indiferença, pois reúne rigor científico e notável erudição, associados a uma enorme comunicabilidade, feito raramente alcançado por trabalho científico dessa envergadura. Essa rara e feliz junção, da atualização científica rigorosa com a simplicidade da linguagem, explica, sem dúvida alguma, a raiz imediata do sucesso e do impacto provocados pela obra.

Casa Grande & Senzala revela-se também inovadora quanto ao estilo. A obra é escrita em linguagem direta e comunicativa. No entanto, esta forma de comunicação, própria ao autor, seria uma das críticas mais freqüentes lançadas pelos seus adversários. Alguns simplesmente se diziam escandalizados pela linguagem, descontraída e espontânea, com que Gilberto Freyre abordava o tema. Outros, no entanto, utilizaram esta crítica para fazer restrições também ao valor científico da obra, que rompia tabus e preconceitos inerentes ao meio e à sociedade brasileira de então.

O tempo se encarregaria em desqualificar e fazer desaparecer uns e outros de seus críticos, tanto mais que a própria linguagem caminhou também no sentido da descontração e do despojamento. Ao mesmo tempo, os avanços das ciências sociais no Brasil passariam a exigir rigor científico da parte dos estudiosos, em todas as suas áreas. O que direcionou estes estudos, portanto, no sentido da obra precursora de Gilberto Freyre. Críticas mais freqüentes só surgiriam anos depois da publicação de Casa Grande & Senzala, provocadas mais por motivações político-ideológicas do que científicas, partindo, inclusive, de pessoas que relutavam em ler e mesmo em conhecer a obra e o pensamento de Gilberto Freyre. Para anular estas críticas, no entanto, não foi preciso mais do que a consagração da obra gilbertiana por parte de representantes do mais alto nível, nas Ciências Históricas, Sociais e Culturais, no Brasil e no exterior, tais como Georges Gurvitch, Arnold Toynbee, Lucien Febre, Fernand Braudel, Eric Hobsbawn, José Honório Rodrigues, Arthur Cezar Ferreira Reis, Anísio Teixeira, para só citarmos alguns grandes nomes.

 

Formação de Gilberto Freyre e seu significado para o conhecimento de sua obra

A atualidade metodológica e científica de Casa Grande & Senzala surpreende ainda em nossos dias, pois a obra não peca por qualquer espécie de unilateralismo e exagero, nem de tipo nacional ou ideológico. Ao contrário, um dos pontos altos da formação científica do sociólogo pernambucano era a correta colocação de problemas, que até então estavam envoltos em espesso véu de mistificações e em estereótipos enraizados, tais como o das raças humanas e os males da miscigenação e que só pesquisas e obras sociológicas mais tardias viriam enfrentar. Além de generalizadas no mundo inteiro, no Brasil a longa duração das idéias racistas encobriam, porém, seculares interesses de dominação econômico-social e colonialistas, sedimentados pelo prolongamento excepcional da escravidão.

De fato, as relações escravistas de produção se mantiveram intactas até o final do século 19, dificultando não apenas a tomada de consciência dos problemas sociais, como a adoção de novas atitudes críticas em relação à formação da identidade nacional, impedindo a consolidação da cidadania. Do ponto de vista sócio-cultural, no entanto, esses males da escravidão se perpetuaram além do século 19, pois a forte tradição européia que sofríamos, aliada à sociedade local de tipo oligárquico e patrimonial, favorecia vagas mas efetivas idéias racistas. Essas idéias, apesar de muitas vezes inconscientes, nem por isso deixavam de ser aceitas de forma pacífica pelo conjunto da sociedade brasileira, sem contestação até muito pouco tempo atrás.

No caso do jovem Gilberto Freyre, a excelente formação científica recebida, cedo o libertou dos preconceitos racistas comuns de sua época, sobretudo quando reforçados por ufanismos locais ou modismos copiados de teorias unilaterais estrangeiras. Assim, para além do inegável talento pessoal do autor de Casa Grande & Senzala, o legado do conjunto de sua obra revela que seus livros e trabalhos jamais foram escritos de forma improvisada, mas estão alicerçados em invejável formação intelectual, de erudição vasta e profunda.

A formação intelectual e mental, recebida pelo jovem Freyre, revela ter sido também favorecida pelo meio social em que nasceu e conviveu. Essa formação não foi só formal, orientada em cursos superiores e de mestrado e doutorado realizados em universidades norte-americanas, tendo por professores mestres ilustres do porte de Franz Boas, Franklin Giddings, C. G. Seligman, Alfred Zimmermann, entre outros. Ela foi também informal, vinda de berço, filho de professor universitário da tradicional Faculdade de Direito do Recife, que o iniciou nas Letras, no Latim e no Português. Conviveu, além disso, nos Estados Unidos, país onde foi estudar desde os 17 anos, com intelectuais e escritores do porte de John Dewey, Ruediger Bilden, Francis B. Simkins, Ernest Weawer, Yeats, Mencken e outros. Mais tarde, já na Europa, entraria em contato com intelectuais, escritores e artistas de igual categoria.

Porém, Gilberto Freyre também foi um profundo conhecedor das várias manifestações culturais do povo brasileiro. Freqüentador de terreiros de xangôs e candomblés, no Recife e na Bahia, quando ainda não era comum ou bem visto a presença de intelectuais entre as gentes humildes da terra, era no Recife figura bastante conhecida por pais e mães-de-santo. Estes, não raro, vinham pedir-lhe proteção quando das batidas e perseguições policiais aos seus terreiros e centros de religião e rituais dos cultos de origem africana, que então não eram tolerados pelo clero e pelos governantes nem prestigiados por intelectuais, artistas ou políticos, como em nossos dias.

Estes pequenos dados bibliográficos, bem como alguns aspectos ligados à formação e à personalidade do autor de Casa Grande & Senzala, nos parecem necessários para situarmos melhor o impacto de sua obra no panorama cultural brasileiro e, em especial, a sua significação para os estudos antropológicos e histórico-sociais do Brasil. Seguimos, aqui, a lição do Mestre sobre a inevitável projeção da personalidade dos que se ocupam das ciências do homem. Pois, apesar da disciplina de métodos a que se sujeite, como maior ou menor rigor, o cientista social, e que pode evitar certas interferências e distorções em suas obras, nos parece ter razão Gilberto Freyre quando escreve que não há Sociologia totalmente objetiva e que a presença do sociólogo na ciência é não apenas necessária como até inevitável, inclusive porque “inevitáveis seus próprios preconceitos”. 2

Daí porque Freyre considera ser de interesse conhecer não somente o lado científico e técnico do sociólogo, como também a inteireza de sua própria personalidade, para melhor se poder avaliar sua obra e, inclusive, o que chama de “nariz de Cleópatra”.3 Ao se referir à ilusão de Ranke de ver os fatos históricos em sua pura realidade e apoiar as reflexões de Simmel sobre esta problemática, afirma:

“... em Sociologia, como em História e em Psicologia, grande parte do ‘não eu’ só se deixa esclarecer pelo ‘eu’ do indagador: pelo seu poder de compreensão, de empatia, digamos mesmo de imaginação – imaginação científica e mesmo poética – e não apenas pelas técnicas de experimentação e mensuração”.4

Para aqueles que o conheceram e estão familiarizados com a totalidade da sua obra e não apenas com Casa Grande & Senzala, esta afirmação expressa uma verdadeira síntese de seu próprio método de abordagem dos fenômenos sociais, pois a obra engloba toda a sensibilidade desenvolvida ao longo da cuidadosa formação científica recebida, cultura e técnicas de pesquisa aprimoradas, aliando inteligência e oportunidades nem sempre fáceis de serem reunidas em um só indivíduo. Qualidades difíceis e que dependem também de oportunidades5 , nem por isso menos necessárias ao cientista social.

Assim, muitas vezes, para a formação intelectual de um indivíduo bem dotado, vale tanto a disposição de saber aproveitar as oportunidades, como o fato de haver convivido com um ambiente familiar de nível cultural elevado. No caso de Gilberto Freyre, conjugaram-se estes dois elementos e dificilmente poderíamos compreender Casa Grande & Senzala escrita por um autor sem as suas origens, vinculadas às antigas tradições dos engenhos da zona da mata nordestina e do Recife, então maior centro cultural do nordeste brasileiro. De fato, tanto do lado materno como do lado paterno, Gilberto Freyre descende de famílias com antigas raízes na região, de hábitos e gostos aristocratizados, comuns a certos meios sociais que, em Pernambuco, valorizam e se orgulham do passado da Província. Sua mãe, Francisca de Mello Freyre, pertencia à tradicional família Gonçalves de Mello, da qual alguns membros preferem adotar o sobrenome de ‘Pernambucano’, a exemplo de outros igualmente adotados por ocasião dos movimentos de independência e de libertação colonial, tão caros ao Nordeste e pelos quais tantos sacrifícios pessoais já foram realizados. Pelo lado materno é também primo do ilustre reformador dos métodos psiquiátricos no Brasil, o dr. Ulysses Pernambucano, pai do grande historiador José Antônio Gonçalves de Mello, neto.

Pelo lado paterno, Gilberto Freyre é filho de Alfredo da Silva Freyre, latinista, homem de cultura e sensibilidade, com raízes nas casas-grandes dos engenhos da zona da mata da região. Não menos ilustre foi seu primo, por parte de pai, o matemático e físico pernambucano dr. Luiz de Barros da Silva Freire, membro da Academia de Ciências do Brasil, introdutor da Matemática Quântica e da Física Moderna no País, formador de importante geração de reconhecidos e destacados matemáticos e físicos de renome internacional, entre os quais José Leite Lopes, Mário Schemberg, Samuel MacDowell e outros.6

Porém, estas raízes conservadoras e senhoriais gilbertianas, ligadas à aristocracia das casas-grandes dos engenhos de açúcar de Pernambuco, não significam que o autor negue a influência, inclusive biológica, da senzala – viveiro da ampla poligamia local, presente em toda a sociedade brasileira e, em particular, nas zonas de colonização mais antigas do País. Ao contrário, é exatamente esta origem que lhe permite reconhecer e compreender melhor a realidade sócio-cultural do Nordeste, levando-o a constatar e ressaltar os aspectos positivos da miscigenação, até então negados pelos intelectuais no Brasil, inclusive no seu aspecto social. O que o levaria a constatar: “A miscigenação que largamente se praticou aqui corrigiu a distância social que doutro modo se teria conservado enorme entre a casa-grande e a mata tropical; entre a casa-grande e a senzala”.7

De fato, suas observações sobre a sociedade patriarcal do Nordeste inovaram, ao ressaltar a importância positiva do fenômeno da miscigenação e não somente a situação social do negro. E esse fenômeno ele soube captar com a mesma sensibilidade que assinala em Marcel Proust, quando declara sua admiração sobre a maneira pela qual o grande escritor francês retratou o perfil e o comportamento psicossociológico da aristocracia francesa do final do século 19, recomposta, no dizer do próprio Gilberto Freyre, através do seu próprio ‘eu’, poderosamente empático e poderosamente compreensivo: “O estudo da história íntima de um povo tem alguma coisa de introspecção proustiana; os Goncourt já chamavam ‘ce romain vrai’”8 , escreve. E, em outro momento, parafraseando a exclamação do arquiteto Lúcio Costa, diante das velhas casas-grandes de Minas Gerais, é enfático: “A gente como que se encontra... E se lembra de cousas que a gente nunca soube, mas que estavam lá dentro de nós; não sei – Proust devia explicar isso direito”.9

É sempre com extremo respeito que fala sobre o objeto das suas pesquisas em relação ao seu ofício de pesquisador social:

“Estudando a vida doméstica dos antepassados sentimo-nos aos poucos nos completar: é outro meio de procurar-se o ‘tempo perdido’. Outro meio de nos sentirmos nos outros – nos que viveram antes de nós; e em cuja vida se antecipou a nossa. É um passado que se estuda tocando em nervos; um passado que emenda com a vida de cada um; uma aventura de sensibilidade, não apenas um esforço de pesquisa pelos arquivos”.10

Esta passagem nos permite compreender o porquê da sua insistência em esclarecer as causas sociais da degradação da escravidão. Não somente as do homem negro, em particular, mas sobretudo as do escravo em geral. O que o leva a condenar o “regime de exploração do povo tutelado”, sobretudo porque “sem nenhum aspecto criador que importe em compensação à exploração econômica”.11

Tem sido comum, nos anos mais recentes, os críticos de Casa Grande & Senzala acusarem seu autor de haver justificado em excesso a escravidão, romantizando a dura realidade colonial, além de haver tratado mais dos escravos da casa-grande do que os do eito, onde a existência seria muito menos confraternizadora e mais brutal. Essa “tolerância” e “romantização” dos duros colonos e brutais patriarcas da casa-grande, bem como a dos brasílico-portugueses que forjaram a sociedade colonial em geral, tenderia a se acentuar com os anos, em especial após seu relacionamento mais estreito com o mundo oficial português.

Porém, a crítica mais comum que lhe fazem é a de que parece haver, da sua parte, uma maior simpatia para com as minorias dominantes. A pergunta a fazer, no entanto, aos críticos, é se teria sido Gilberto Freyre menos solidário com as outras raças, quando estudou e se referiu aos indígenas e aos escravos negros e às mulheres negras – concubinas ou não, e às vezes até esposas? Pois sua análise se prende igualmente a todos os elementos que compõem a família patriarcal. Muitas vezes incompreendido, Freyre, entretanto, permaneceu sempre fiel à sua formação culturalista e às idéias desenvolvidas em Casa Grande & Senzala e, depois, aprofundadas em obras como Sobrados & Mocambos, Nordeste, Ordem e Progresso e outras, inaltecedoras da excelência do que chama a meta-raça brasileira, forjada pelos contatos entre o colonizador português com as mulheres índias e negras. Os críticos de Casa Grande, porém, deveriam ter atentado para o objeto da preocupação maior da obra gilbertiana e que se encontra explicitada no subtítulo do livro: Casa Grande & Senzala – Introdução à História da Sociedade Patriarcal no Brasil.

Na verdade, Casa Grande & Senzala é uma radiografia e uma análise da formação da sociedade patriarcal brasileira e de sua identidade nacional. O objeto central do estudo é esclarecido com rigor científico, assim como o enfoque interpretativo assumido pelo autor, logo no início do Prefácio: “Foi o estudo de Antropologia sob a orientação do Professor Boas que primeiro me revelou o negro e o mulato no seu justo valor – separados dos traços de raça os efeitos do ambiente ou da experiência cultural.”12 Razão que lhe permitiu apreender tão bem as contribuições de cada raça e de cada grupo, na obra da colonização.

Podemos ainda afirmar ter sido Gilberto Freyre o autor que, no Brasil, tratou de maneira mais completa e abrangente as relações entre colonos e escravos – sejam indígenas, africanos ou mestiços. A atualidade e seriedade científica da metodologia de Casa Grande & Senzala, porém, também representou uma das novidades da obra. O livro, sem deixar de ser leitura agradável, caracteriza-se assim pelo rigor científico e ampla documentação, espírito crítico e liberto dos preconceitos mais comuns ou de mais longa persistência, presentes na sociedade brasileira da época, como as idéias racistas, avivadas pela ascensão das doutrinas nazi-fascistas na Europa. Estes aspectos são pontos fundamentais, infelizmente muito esquecidos pela crítica à obra nos dias atuais, quando se referem às reações ocorridas contra o livro, por parte dos contemporâneos que se declaravam escandalizados com as idéias por ele defendidas.

Quanto às críticas sobre o enfoque muito maior dado aos escravos da casa-grande, parece que esquecem, os que formulam essas objeções, os objetivos do autor em fazer um trabalho na área da Sociologia cultural. O que não o faz esquecer, como tantos outros que escrevem sobre o tema, da interrelação necessária entre economia e sociedade, nem a correção e cuidados científicos exigidos para também se tratar dos aspectos econômicos da economia açucareira dos engenhos. Mas o enfoque principal de Freyre é, sobretudo, a História social e antropológica da região, com maior atenção sobre as relações entre a família da casa-grande e os escravos que viviam em mais íntimo contato com a mesma.13 Enfim, sobre a família patriarcal, vista como a verdadeira unidade colonizadora do Brasil colonial, constituindo um verdadeiro sistema de vida, tanto de economia como de organização social e política. E, nesse plano, ninguém ainda soube tratar, com mais felicidade, a estrutura social do Brasil colonial e imperial, como Gilberto Freyre, expresso, inclusive, na síntese admirável que constitui o próprio título e o subtítulo da sua obra.14

 

Significado de Casa Grande & Senzala

Ao escolher Casa Grande & Senzala como obra paradigmática destas ‘visões do Brasil’ e do pensamento gilbertiano, no centenário do seu nascimento, procuramos responder a uma questão: No que terá inovado Casa Grande & Senzala e que qualidades possui este livro, para ter causado tanto impacto na sua época e ainda hoje sua leitura suscitar nosso interesse?

Porque, ainda em nossos dias, podemos perceber o impacto que provoca nas jovens gerações a leitura desta grande obra. Na época em que surgiu, porém, o impacto foi maior, porque Casa Grande & Senzala introduzia ousadas inovações na forma de se pensar a sociedade brasileira e que hoje já se encontram reconhecidas e incorporadas à cultura, ao ensino e à metodologia acadêmica das ciências históricas e sociais, em nível nacional. Idéias então inéditas no Brasil e que levaram o autor a enfrentar não somente velhas maneiras de ver e pensar, impregnadas de estereótipos e preconceitos, como antigas estruturas sociais em decadência e que igualmente eram combatidas pelo então jovem sociólogo.15

Porém, o maior impacto do livro terá sido, sem dúvida, a defesa do mestiço, os argumentos sobre suas possibilidades e os reais motivos da sua anulação, o papel preponderante das condições econômicas e sociais injustas e, finalmente, o grande papel do negro na construção da sociedade brasileira.

“Todo brasileiro, afirma, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo – há muita gente de jenipapo ou mancha mongólica pelo Brasil – a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena ou do negro. No litoral, do Maranhão ao Rio Grande do Sul, e em Minas Gerais, principalmente do negro. A influência direta, ou vaga e remota, do africano”.16

Com este parágrafo, Freyre inicia o segundo tomo do livro Casa Grande & Senzala17 , falando da experiência geral brasileira, citando exemplos, esmiuçando costumes e casos. E tudo com extrema simplicidade, ternura e sem hipocrisia, fruto da reflexão amadurecida de um pensamento e de mentalidade já desinibida, cientificamente atualizados. Atitude só possível a quem alia a cultura à compreensão e à sensibilidade, estando assim preparado para enfrentar preconceitos antigos e pseudo-científicos, tendo consciência de seu preparo intelectual e científico. O que, em sua época, só era possível para quem conhecia ou mantinha estreitos contatos com os grandes centros intelectuais mundiais.

Não admira, pois, o impacto de Casa Grande & Senzala e os escândalos que suscitou entre as elites brasileiras, há quase 70 anos, quando do seu lançamento. A autoridade científica da obra era, no entanto, de molde a poder enfrentar preconceitos e vencer vaidades e subterfúgios. Atualizada e bem documentada, a obra fora escrita respaldada em pesquisas bem orientadas, seguindo diretrizes novas ensinadas pelos grandes mestres e cujas sugestões seriam tão bem compreendidas e aproveitadas pelo jovem de talento inegável, gosto e capacidade intelectual invulgares, além de preocupação pelos destinos do seu país.

De fato, as pesquisas para a tese que apresentou na Faculdade de Ciências Políticas e Sociais da Universidade de Columbia, em 1923, intitulada Social Life in Brazil in the Middle of the 19th Century, seria a base do livro então lançado no Brasil, com o título de Casa Grande & Senzala.

Comecemos pelos comentários à rica documentação utilizada para compor a obra, as diretrizes do trabalho e o conhecimento teórico-científico que orientaria o plano e a sua realização, junto à capacidade e talento do autor, e que foram responsáveis por um retrato profundo, verdadeira radiografia da sociedade brasileira antiga, projetando luzes sobre a sociedade moderna. A importância desta obra, para a historiografia, os novos enfoques que ocasionou, a inesperada amplitude de interpretações que favoreceu, foram e são tão importantes como os caminhos que abriu para a Sociologia e a Antropologia no País. Daí as razões dos estudiosos das Ciências Sociais assinalarem o aparecimento de Casa Grande & Senzala como um marco para essas Ciências no Brasil.18

Distinguia-se a obra não só pelas diretrizes novas, pontos de vista opostos aos velhos estereótipos e preconceitos correntes e ainda difundidos por autores de renome, como Nina Rodrigues e Oliveira Vianna, como pela ampla pesquisa realizada pelo autor, não só em antigas fontes de documentos oficiais, como pela valorização de uma documentação secundária, até então ignorada ou desprezada no Brasil. Entre estas últimas fontes, incluem-se os cadernos chamados “recolhedores de fatos”: cartas de velhos arquivos de família, folclore rural de zonas que se caracterizaram pela presença do trabalho escravo, livros e cadernos de manuscritos de modinhas e receitas de bolo, livros de etiqueta, romances que fixaram flagrantes da vida e costumes patriarcais, sem falar nas coleções de jornais antigos e da vasta utilização de livros de viagens de estrangeiros.

Junto a estas fontes, informações recolhidas pela Inquisição, inventários, cartas de sesmarias e testamentos, correspondências da Corte e Ordens Régias, algumas dispersas em velhos cartórios ou em manuscritos pertencentes à Biblioteca do Estado de Pernambuco; Pastorais e Relatórios de Bispos em arquivos de velhas igrejas do Nordeste, atas de sessões de Câmaras, Ordens Terceiras, Confrarias e Santas Casas. Também foram consultados as coleções de documentos de outras regiões, como os Documentos Interessantes para a História e Costumes de São Paulo, Atas e Registros Gerais da Câmara de São Paulo, livros de assentos de batismos, óbitos e casamentos, tanto de livres como de escravos, estudos de genealogia e outros documentos, a maioria pouco utilizada ou até mesmo ainda inédita em nossos dias e utilizados pelo autor para a reconstrução da história íntima e social da família brasileira.

Ainda, sobre as fontes antigas, temos que mencionar as cartas jesuítas e os relatos de velhos cronistas, inclusive os estrangeiros, analisados e comentados pelo autor, avaliados o valor de seus testemunhos e a capacidade de observação e apreciação crítica de cada qual. Ao lado, porém, desta ampla documentação, temos que assinalar a vasta bibliografia utilizada, a antiga e a moderna, comentada e não raro contendo apreciações críticas de grande acuidade e que constituem enorme enriquecimento à obra.

É conveniente ler o que escreve o autor de Casa Grande & Senzala, para avaliar o seu plano fundamental e situar a problemática da contribuição das raças e da miscigenação para a cultura brasileira. No Prefácio à primeira edição, a propósito de seus estudos de Antropologia, sob a orientação de Franz Boas, afirma:

“Aprendi a considerar fundamental a diferença entre RAÇA e CULTURA; a discriminar entre os efeitos de relações puramente genéticas e os de influências sociais, de herança cultural e de meio. Neste critério de diferenciação fundamental entre raça e cultura assenta todo o plano deste ensaio. Também no da diferenciação entre hereditariedade de raça e hereditariedade de família.”19

Casa Grande & Senzala valoriza certos aspectos da colonização portuguesa no Brasil, até então ignorados ou pouco conhecidos, e que foram pela primeira vez ressaltados por Freyre, ao apontar a qualificação excepcional do povo português para a colonização nos trópicos. Esta tese, defendida no livro com argumentação e crítica baseada em documentação histórico-social de considerável importância, foi desenvolvida pelo autor, em obra posterior.20

Apesar da importância desse critério inicial, fiel a uma visão globalizadora e equilibrada, ao falar sobre a estabilidade da sociedade patriarcal estar apoiada no açúcar (engenho) e no negro (senzala), ressalva:

“Não que estejamos a sugerir uma interpretação étnica da formação brasileira ao lado da econômica. Apenas acrescentando a um sentido puramente material, marxista, dos fatos, ou antes, das tendências, um sentido psicológico. Ou psicofisiológico. Os estudos de [Walter B.] Cannon, por um lado, e, por outro, os de [Arthur] Keith parecem indicar que atuam sobre as sociedades, como sobre os indivíduos, independente de pressão econômica, forças psicofisiológicas, suscetíveis, ao que se supõe, de controle pelas futuras elites científicas – dor, medo, raiva – ao lado das emoções de fome, sede, sexo.”21

De fato, o livro trata do sistema patriarcal como um todo, descrito e analisado como fator fundamental para a formação da sociedade brasileira. A casa-grande, ressalta, “embora associada particularmente ao engenho de cana, ao patriarcalismo nortista, não se deve considerar expressão exclusiva do açúcar, mas da monocultura escravocrata e latifundiária em geral: criou-a no Sul o café tão brasileiro como no Norte o açúcar”.22

“A casa-grande completada pela senzala”, e que refletia tão bem o sistema, é identificada, na obra, como representante de todo este sistema econômico, social e político. Assim descreve, no Prefácio, sua função econômico-social:

“A casa-grande, completada pela senzala, representa todo um sistema econômico, social, político: de produção (a monocultura latifundiária); de trabalho (a escravidão); de transporte (o carro-de-boi, o bangüê, a rede, o cavalo); de religião (o catolicismo de família, com capelão subordinado ao pater familias, culto dos mortos, etc.); de vida sexual e de família (o patriarcalismo polígamo); de higiene do corpo e da casa (o “tigre”, a touceira de bananeira, o banho de rio, o banho de gamela, o banho de assento, o lava-pés); de política (o compadrismo). Foi ainda fortaleza, banco, cemitério, hospedaria, escola, santa casa de misericórdia amparando os velhos e as viúvas, recolhendo órfãos.”23

Esse resumo abrange, de modo muito completo, a organização colonial e imperial brasileira, com variações locais ou apenas de produtos regionais, e que em muitos aspectos se prolongou até 1930. A análise desta organização seria desenvolvida pelo autor em cada um dos setores da sociedade brasileira, de modo original e criador. É, pois, uma pesquisa extensa e completa e da qual resultou um estudo global e profundo da sociedade brasileira. Abrange tanto o estudo de suas estruturas como o de sua psicologia particular e coletiva, analisados de forma integrada e com grande acuidade metodológica e cultural. Nesse sentido, Gilberto Freyre seria dos primeiros a assinalar estar a obra da colonização portuguesa, no Brasil, assentada no tripé latifúndio-monocultor e escravidão, traços estruturais depois atribuídos ao pioneirismo de Caio Prado Júnior.24

Freyre, porém, atribui igualmente grande importância aos antecedentes e experiências do povo português, fatores que o teriam preparado para uma obra de colonização como a realizada no Brasil. A predisposição desenvolvida pelo povo português, devido à posição geográfica do seu país, em contatos com a África e com os muçulmanos e seus descendentes na Península Ibérica, são ressaltados como elementos de grande importância para a adaptação e a convivência dos portugueses com povos de outras culturas e regiões. É o que chama ‘plasticidade’ do português e capacidade muito acentuada de adaptação deste povo às novas condições da América tropical.

Expressão dessa adaptação e da capacidade criadora dos portugueses estão refletidas nas próprias casas-grandes, erguidas no Brasil colonial, e que podemos perceber tanto no aproveitamento do material local, como na arquitetura da época. Freyre descreve a estrutura dessas casas:

“A casa-grande de engenho que o colonizador começou, ainda no século 16, a levantar no Brasil – grossas paredes de taipa ou de pedra e cal, coberta de palha ou de telha-vã, alpendre na frente e dos lados, telhados caídos num máximo de proteção contra o sol forte e as chuvas tropicais – não foi nenhuma reprodução das casas portuguesas, mas uma expressão nova, correspondendo ao nosso ambiente físico e a uma fase surpreendente, inesperada, do imperialismo português: sua atividade agrária e sedentária nos trópicos; seu patriarcalismo rural e escravocrata.”25

E, mais adiante:

“Suas casas representam esse imenso poderio feudal. ‘Feias e fortes’. Paredes grossas. Alicerces profundos. Óleo de baleia. [...]. O suor e às vezes o sangue dos negros foi o óleo que mais do que o de baleia ajudou a dar aos alicerces das casas-grandes sua consistência quase de fortaleza.”26

Referindo-se à largueza horizontal dos prédios – cozinhas enormes; vastas salas de jantar; numerosos quartos para filhos e hóspedes; capela; puxadas para acomodação dos filhos casados; camarinhas no centro para a reclusão quase monástica das moças solteiras; gineceu; copiar; senzala – afirma: “Foi expressão sincera das necessidades, dos interesses, do largo ritmo de vida patriarcal que os proventos do açúcar e o trabalho eficiente dos negros tornaram possível.”27

Assinale-se, porém, que ele não ressalta apenas os aspectos positivos da colonização portuguesa no Brasil. Afirma:

“A formação patriarcal do Brasil explica-se, tanto nas suas virtudes como nos seus defeitos, menos em termos de ‘raça’ e de ‘religião’ do que em termos econômicos, de experiência de cultura e de organização da família, que foi aqui a unidade colonizadora.”28

Escreve:

“Ligam-se à monocultura latifundiária males profundos que têm comprometido, através de gerações, a robustez e a eficiência da população brasileira, cuja saúde instável, incerta capacidade de trabalho, apatia, perturbações de crescimento, tantas vezes são atribuídas à miscigenação. [...]. A importância da hiponutrição, [...]; da fome crônica, originada não tanto da redução da quantidade como dos defeitos da qualidade dos alimentos, traz a problemas indistintamente chamados de ‘decadência’ ou ‘inferioridade’ de raças, novos aspectos e, [...], melhores possibilidades de solução”.29

Entre esses males – do passado e do presente – enumera a má alimentação, a subnutrição, a carestia dos gêneros e as dificuldades do abastecimento das populações rurais e urbanas, a sífilis e, em seu tempo, os abusos das usinas e da monocultura latifundiária sobrevivente e as suas conseqüências sobre os homens: diminuição da estatura, do peso e do perímetro torácico; deformações esqueléticas; descalcificação dos dentes; insuficiências tiróideana, hipofisária e gonadial, provocadoras de velhice prematura, fertilidade em geral pobre, apatia e, não raro, infecundidade, traços até então associados às chamadas “sub-raças” ou “raças inferiores”, hoje já desmistificados. Portanto, demonstra que mesmo após a abolição do trabalho escravo, sobreviveram os males ligados à escravidão e à monocultura:

“Estas continuaram a influenciar a conduta, os ideais, as atitudes, a moral sexual dos brasileiros. Aliás a monocultura latifundiária, mesmo depois de abolida a escravidão, achou jeito de subsistir em alguns pontos do País, ainda mais absorvente e esterilizante do que no antigo regime; e ainda mais feudal nos abusos. Criando um proletariado de condições menos favoráveis de vida do que a massa escrava. [...]. O latifúndio só tem feito progredir nos últimos anos, subsistindo à sua sombra e por efeito da monocultura a irregularidade e a deficiência no suprimento de víveres: carnes, leite, ovos, legumes. [...]. De modo que da antiga ordem econômica persiste a parte pior do ponto de vista do bem-estar geral e das classes trabalhadoras [...].O escravo foi substituído pelo pária de usina; a senzala pelo mocambo; o senhor de engenho pelo usineiro ou pelo capitalista ausente. [...].”30

Aspectos importantes, presentes na obra, são, ainda, o estudo do indígena, a problemática da sua catequese, as dificuldades da sobrevivência dos grupos e sua contribuição para a cultura brasileira. Da mesma forma, e de maneira ainda mais extensa, a análise abrange o estudo do negro no Brasil e as valiosas contribuições do africano, a superioridade de sua cultura em relação à do indígena, aspecto até então negado ou muito ignorado, devido aos preconceitos raciais mais acentuados em relação aos negros. Fala da influência considerável das mucamas e mulatas na vida sexual e íntima dos colonos e senhores, mas igualmente da importância do escravo e dos libertos na produção rural e econômica do Brasil. Não devemos nos espantar, portanto, se o livro, apesar do seu caráter científico, causou escândalo na época. Pois Gilberto Freyre falava sem subterfúgios na mistura de sangue existente no País, na poligamia generalizada e na vasta mestiçagem nacional, ao contrário de esconder ou escamotear a questão da mistura de raças. Assim, não é de espantar que as críticas recebidas fossem parciais, inclusive silenciando outros aspectos, de enorme importância, e que entretanto foram por ele analisados.

Poderíamos salientar muitos outros aspectos nessa obra marcante: a percepção lúcida e sutil de certas peculiaridades da sociedade brasileira; o sistema hierarquizado e a posição das várias camadas sociais no sistema patriarcal; as dificuldades e o esmagamento das “indústrias democráticas de pau-brasil e de peles”, que o açúcar abafou. Porém, o açúcar também esterilizara a terra, numa larga extensão em volta aos engenhos de cana, para os esforços da pecuária e da policultura, “deslocando a criação de gado, com possibilidades de vida democrática” para os sertões. Em conseqüência, escreve,

“a minoria de brancos e brancarões dominando patriarcais, polígamos, do alto das casas-grandes de pedra e cal, não só os escravos criados aos magotes nas senzalas como os lavradores de partido, os agregados, moradores de casas de taipa e de palha, vassalos das casas-grandes em todo rigor da expressão”31 .

A Igreja curvando-se no Brasil colonial à casa-grande, aparecendo “subserviente em capela de engenho”.32

Conclusão

Foram necessários quase 50 anos, após a publicação de Casa Grande & Senzala, para que os estudos históricos e sociais no Brasil voltassem sua atenção para os aspectos sociológicos abrangidos por Gilberto Freyre e que até então eram criticados em sua obra. Estes aspectos eram considerados objetos de “interesse menor” ou de nenhum interesse para a História e as Ciências Sociais, já que relacionados à vida íntima e ao quotidiano. Casa Grande & Senzala, no entanto, é a precursora destes estudos no Brasil, desvendando o culto aos mortos, cujos retratos eram às vezes conservados “no santuário, entre as imagens dos santos”; o costume de se enterrar dinheiro (ou a sua lenda) nos casarões coloniais; as histórias de mal-assombrados, “almas penadas de senhores de engenho que aparecem pedindo padres-nossos e ave-marias”; histórias de frades intrigantes e de negras alcoviteiras; ritos de feitiçaria; negras velhas contadoras de estórias; iniciação dos jovens senhores no amor físico, através das mulatas ou mucamas da senzala. Todos e outros aspectos da vida comum e quotidiana, e que tantas críticas suscitaram ao valor da obra, estão analisados em Casa Grande & Senzala com sensibilidade, inteligência, compreensão e arte.

Ao concluir este trabalho, pensamos que hoje, mais do que nunca, adquire relevo e importância o estudo dos homens e seu tempo, do momento em que surgiu Casa Grande & Senzala, lembrando-nos de toda aquela inquietante geração, responsável pelo desenvolvimento das idéias políticas e sociais no Brasil, nas décadas de 20 e 30. Sem dúvida esta geração, fosse de vencidos ou de vencedores, contribuiu para a renovação das estruturas brasileiras e para a modernização do País após a revolução vitoriosa de 1930.

Os movimentos culturais inovadores que então surgiram em vários pontos do País, não poderiam por isso ser ignorados. Entre estes movimentos de intelectuais, muitos dos quais ainda sem preocupações políticas declaradas, os principais, sem dúvida, foram a Semana de Arte Moderna, em 1922, em São Paulo, e o Movimento Regionalista do Recife, em 1926, mas que desde 1923 ali se esboçara em torno de Gilberto Freyre e do seu grupo.33

A preocupação com os problemas brasileiros já vinha de longe, embora expressa de modo científico ou mais profundo apenas por alguns intelectuais, que se encontravam mais próximos dos centros de divulgação cultural da época: Capistrano de Abreu, Euclides da Cunha, Licínio Lúcio Cardoso, Rocha Pitta, Oliveira Vianna, Alberto Torres, Manoel Bonfim e outros mais. Todos manifestariam preocupação sobre os destinos do Brasil, e que continuou através da geração de Gilberto Freyre e outros intelectuais de matizes ideo-lógicos vários, como Caio Prado Júnior, Oswaldo de Andrade, Mário de Andrade, Anísio Teixeira, Graciliano Ramos, Sérgio Buarque de Holanda etc. Desde então, a preocupação sobre a condição do Brasil vem sendo expressa por intelectuais em todo o País, embora possam se expressar de maneiras variadas e, nem sempre, concordantes.

Porém, uma mesma preocupação intensa, encontrada nos intelectuais dos anos 20 e 30, pode ser resumida neste depoimento do grande mestre da Sociologia brasileira: “Era como se tudo dependesse de mim e dos de minha geração; da nossa maneira de resolver questões seculares”.34 Sentimento que, sem dúvida, refletia o clima geral de idéias e ideais nacionais, que atingia os jovens intelectuais brasileiros nos anos que precederam o surgimento de algumas das grandes obras da historiografia brasileira, da História às Ciências Antropológicas e Sociais.

Referindo-se aos intelectuais da época, escreve Wilson Martins:

“A verdade é que Gilberto Freyre sistematizou, em Casa Grande & Senzala, uma concepção instintiva que eles tinham do Brasil e à qual não souberam dar expressão, ou que apenas exprimiram na literatura de imaginação e na poesia.”35

Porém, apesar desta erudição, possivelmente Gilberto Freyre não teria podido escrever Casa Grande & Senzala se também não estivesse impregnado de tradição brasileira, de vivas raízes no Nordeste e com fortes vestígios, no Recife da década de 20, dos engenhos ainda existentes na zona da mata daquele período. Assim é que o livro sobre a formação brasileira, tão esperado por grande parte da intelectualidade do País, surgiu de um intelectual do Nordeste, consciente dos valores não propriamente provincianos, mas regionais. Ele próprio esclarece, no Manifesto Regionalista, em 1926, que talvez não houvesse região no Brasil que excedesse o Nordeste em tradição e nitidez de caracteres.36 Portanto, cultura autêntica e originalidade, marcante como o livro que surgiria em 1933, se impondo de imediato à cultura brasileira e influenciando até mesmo os estudos sociais de renomados centros científicos de outros países.

Tal é a significação de Casa Grande & Senzala para a cultura brasileira e no panorama mundial, desde a sua primeira edição.

Desde então, a obra e seu autor têm sido atacados por inúmeros intelectuais e defendidos por outros, inclusive por representantes de correntes ideológicas tão diversas como Nelson Werneck Sodré37 e Wilson Martins. A respeito escreve, com razão, Wilson Martins:

“A verdade é que certas críticas a Gilberto Freyre diminuem mais os críticos do que o criticado [...] não é que ele se situe acima das críticas, [...]; o que se deve considerar é que um escritor e um pensador da sua estatura estão acima de um ‘certo tipo’ de críticas, embora mereçam, ao contrário, e até exijam, um outro tipo, completamente diferente: a crítica criadora que, compreendendo a significação da obra, saiba colocá-la no lugar que é o seu, saiba vê-la nas linhas de uma evolução literária e científica e possa marcar-lhe, com tanta segurança quanto seja possível, o alcance e a fecundidade”.38

Os anos posteriores confirmaram ou desmentiram certas impressões, a posteridade reforçando outras, mas Gilberto Freyre ocupará sempre um destacado e importante lugar na cultura brasileira.


Fonte: http://www.apropucsp.org.br/r8_r4.htm
Fonte:Complementação de alguns dados da genealogia por Carlos Alexandre, através de e-mail, o qual agradecemos a colaboração.
Fonte: http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.phtml?cod=3741&cat=Ensaios
Ensaios-->DICIONÁRIO BIOBIBLIOGRÁFICO REG. DO BRASIL DE A a AMAR AUAD -- 30/08/2003 - 08:42 (Mário Ribeiro Martins)