Homenagem ao grande 

 Genealogista, Filatelista e Historiador

ITAMAR BOPP 

O PRIMEIRO PADRE NA MATRIZ DE RESENDE

O PADRE FELIPE TEIXEIRA PINTO celebrou a primeira missa, rezada na primeira Capela erigida no promontório, à margem esquerda do rio Paraíba, defronte a atual rua Padre Manoel dos Anjos, em 25 de maio de 1747, por força da Provisão eclesiástica de 12 de maio, do Ordinário do Rio de Janeiro, no «Campo Alegre da Paraíba Nova», sob a proteção de Nossa Senhora da Conceição.
O padre Felipe se incorporara na caravana do Coronel Simão da Cunha Gago pois era capelão de N. S. do Rosário de Airuoca . Espírito aventureiro se abalançara, com o sertanista bandeirante, na projetada incursão às selvas dos contrafortes da Mantiqueira. No dizer de historiadores, a intenção projetada era para exploração do ouro, que naqueles tempos difíceis medrava, ou a conquista do gentio, a escravização do aborígene, justificando, em ambos os casos, às famosas «bandeiras» que se organizavam varando o sertão silvestre.
O padre Felipe era fervoroso devoto de N. S. da Conceição ,e ao deixar sua capelania, em 1744, e internar-se no desconhecido, não se esqueceu de levar na bagagem de viajeiro, a sua pequena Imagem da santa predileta. Assim, a Capela tosca que se construíra nas terras resendenses, se fizera marco inicial da vida civilizada da região, e teve por Padroeira, a Virgem Santíssima da Conceição, essa mesma imagem, doce e suave, uma jóia em sua espécie, na expressão que o artista lhe imprimia, com a segurança de artezão genial, a se inspirar no buril e fazer o belíssimo conjunto das feições, em dura madeira de Lei.

A Santa se encontra na Matriz de Resende, visitada e adorada por fiéis, e no conceito do povo, é uma Imagem Milagrosa, pois nos incêndios que sofreu a Matriz, a Santa sempre ficou à margem da voracidade das chamas. O 1
° incêndio é relatado pelo historiador Dr. João Carneiro de Azevedo Maia, em seu livro Do Descobrimento do Campo Alegre, em 1886 — «Os assentos desses casamentos, feitos desde o princípio da freguezia, se queimaram em um incêndio na casa em que se conservavam, e constariam pelos depoimentos dos cônjuges, salvos do estrago, e reduzindo a forma, bem como outros semelhantes, e avulsos que existiam na casa do cartório, por só ter lançado mão deles em tempo oportuno «,. .. entre outras relíquias da Igreja antiga, demolida em 1833, foram recolhidos à nova Matriz, onde se acham ainda, uma pequena Imagem de madeira, da Senhora Conceição (Padroeira)».

Outro incêndio seríssimo foi em Janeiro de 1874 — «uma faísca elétrica atingiu a Matriz incendiando o Altar Mor, e que no momento ocorreu detalhe que impressionou intensamente o espírito público, dos mais devotos à renitentes incréos. No altar, arreiado de cortinas, os planejamentos multicores, engalana o de festões e ramalhetes de flores artificiais, de papel, repousavam em andores as imagens de N. Senhora, de São Joaquim e de São Manuel, provida de grandes resplendores de prata. A centelha circunvagara por entre as sagradas figuras. As labaredas colearam, ao derredor dos adereços de prata que, no entanto, não se fundiram à ação direta das línguas de fogo, que sobrepujavam rubras. As imagens não sofreram o menor dano» (jornalista Cel. José Alfredo Sodré).

O terceiro, foi o impiedoso incêndio na Matriz em 22 de agosto de 1945, e a imagem não se encontrava no recinto. O mesmo jornalista, Alfredo Sodré, descreve mostrando a riqueza da Matriz Secular, que o fogo insaciável arrasou ao cabo de duas horas de dramática expectativa. «Era uma Igreja secular, o Templo histórico e artístico, era delicadíssima jóia arquitetônica do patrimônio eclesiástico fluminense, que o incêndio voraz destruirá em curto espaço de tempo. Erguida há mais de um século, ao calor da fé inquebrantável, da ação criadora dos ancestrais desta terra, colocada pedra sobre pedra, através dos anseios da alma cristã dos resendenses. A Matriz ponteando na magnificência deslumbrante, de primor artístico, em que a Capela Mor dir-se-ia finíssimo escrínio das custosas jóias que constelavam o colo das nobilíssimas damas de Resende de antanho!!!...»

O saudoso Pedro Braile neto,, escreveu um poema no jornal «O Municipal» «SENHORA DA CONCEIÇÃO». Encorajando a bandeira de Simão da Cunha Gago o protegendo-a na altura da fé que ela Te depositava, fizeste Senhora Conceição — com que o valente paulista fundasse, há duzentos e tantos anos, o povoado de Campo Alegre, que foi entregue a Tua guarda, com o nome da Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre da Paraíba Nova. . . E a Tua proteção nunca faltou ao Campo Alegre daqueles tempos difíceis ou à opulência da risonha Resende de nossos dias. .
A imagem da Santa tem apenas 65 centímetros de altura por 18 cm de circunferência, sem contar a coroa toda de prata, com 12 cms. .


 

BRAZÃO DE ARMAS DA CIDADE DE RESENDE

 

A Câmara Municipal de Resende, decretou a Resolução n° 252, de 29 de setembro de 1955, e o Sr. Prefeito Municipal, Dr. Geraldo da Cunha Rodrigues, Promulgou a Lei que o Município de Resende, adota o BRAZÃO DE ARMAS, Lei sancionada com a honrosa presença de S. Excia. o Sr. Governador do Estado do Rio de Janeiro, Dr. Miguel Couto Filho, na sessão solene que então se realizou na edilidade.
A heráldica, como diz Armando de Mattos, em seu «Brazonário de Portugal», faz parte integrante da História Pátria. Eis porque em todos os países cultos florescem, ao lado dos institutos históricos, os de heráldica e genealogia. São todas as três instituições gêmeas que tecem e entrelaçam a história da terra e do sangue. O Brazão, heraldicamente, traduz a vida passada e marca em cores, o destino do pedaço de chão que pisamos.
Tivemos a honra de idear, estudar, interpretar, e depois sugerir ao Sr. Dr. Geraldo da Cunha Rodrigues, então Prefeito Municipal, a adoção do Brazão que contem
a COROA MURAL, símbolo de Independência política do Município;
o AZUL que representa o céu límpido que agasalha o clima ameno e puro de suas montanhas;
a COROA DE OURO, colocada na amplidão desse azul celeste, que é o céu de nossa Pátria, adornada de esmeraldas, rubis e safiras, simboliza a grandeza de NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO, a Santa tutelar, vigilante dos nossos lares, guia de nossos passos, que na sua realeza, abençoa as famílias resendenses, a cidade e suas riquezas. Irradiando sua bondade maternal, Ela encima a Cordilheira, as AGULHAS -NEGRAS com seus picos voltados para o céu, demonstração dos elevados sentimentos do povo desta terra; o VERDE representa a função da Terra perante o Homem, pois que é dela que se tira o sustento da vida. Nesses campos verdejantes, ricos pela fertilidade que a Providência os dotou, baseiam-se e se alicerçam a agricultura, a pecuária e as indústrias do Município;
a FAIXA de prata, que corta o CAMPO ALEGRE, simboliza o Rio Paraíba que depois de correr por entre colinas, vilas e cidades do Estado de São Paulo, estende-se por todo aquele vale, dizendo estar ali, para fertilizar a sua terra, ajudá-la a tirar os benefícios incomensuráveis que produz, para alimentar todo esse povo laborioso; o CASTELO é o prêmio concedido pela boa vontade dos homens da lendária Resende, a ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS __ AMAN __ onde se forja o cérebro e se cinzela o coração; onde se solidifica o espírito daqueles que terão mais tarde a responsabilidade de defender a nossa Pátria, de zelar pela tranqüilidade dos lares brasileiros, de preservar a sociedade e conservar a integridade do imenso território do Brasil; os ramos de CANA DE AÇÚCAR e de CAFÉ envolvem o campo do BRAZÃO, põe em relevo e destaque os produtos principais de sua agricultura. — Resende nasceu embalada pela viração que roçava pelos seus enormes canaviais e adormeceu acalentada pelas toadas das moendas de seus engenhos, entre os quais se avulta o Engenho Central da antiga Colônia de Porto Real, com as plantações a se perderem de vista, na sarabanda de seus canaviais; o CAFÉ, a primeira riqueza do município, como ainda o é do próprio Brasil; no LISTEL, com a legenda se estabelece a data de 29-9-1801, centésimo qüinquagésimo quarto aniversário da fundação da Vila de Resende a antiga NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO CAMPO ALEGRE, DA PARAÍBA NOVA.
Daí sentirmos, talvez, por reação atávica, que apesar da extensão da antiga designação, reduzida a apenas sete letras, não deixou de pulsar em nosso coração a lembrança, sempre grata daquele primeiro nome, com o qual o bandeirante CORONEL SIMÃO DA CUNHA GAGO, com sua vontade férrea, lançou as bases deste núcleo social, hoje transformado nesta bela, grandiosa e hospitaleira cidade de Resende; e, depois, a outra data histórica, a de 12-7-1848, elevação da Vila à categoria de Cidade de Resende.
Para dar mais ênfase a apresentação do nosso projeto junto a Câmara Municipal, levamos prontos três Pergaminhos com o BRAZÃO em cores, convidando descendentes dos «Primeiros Povoadores de Resende» a assinar conosco aqueles documentos, para perpetuar seus nomes, na sugestão aos altos poderes do Município, a adotar o BRAZÃO DE ARMAS, que aqui vemos.
São os seguintes doadores:
Sebastião Rodrigues Filho, neto de Francisco Pereira Vianna, o político. Dr. Naur Martins, neto da Rainha do Café da Província, Da. Maria Benedicta Martins, esposa do Comendador Joaquim José Gonçalves.
Dr. Hilário Freire, ex-deputado, neto do Comendador José Manuel de Campos Freire, Oficial da Guarda de Honra de D. Pedro I.
Dr. Jayme Pereira Vianna, 9° Prefeito do Município, tneto de Roque Bicudo Leme. Da. Amélia da Rocha Miranda Cortines Laxe, filha do Barão do Bananal. Dr. Alfredo Freire, filho do Laureado poeta Dr. Ezequiel Freire.
Nazir Guerreiro Maia, neto do Dr. Joaquim de Azevedo Carneiro Maia, ex-Prefeito e ex-Deputado Provincial.
Comendador Lauro Maia Coutinho, neto do historiador Dr. João de Azevedo Carneiro Maia. Dr. Virgílio dos Santos Magano, neto de Crisóstomo dos Santos Magano, professor de Letras da Casa Imperial.
Dr. Luiz Pereira Barretto, neto do Comendador Fabiano Pereira Barretto. Henrique Jardim Villaça, neto de Francisco José Villaça, o 1* industrial resendense. Dr. Ulysses de Souza Ferrenoud, esposo de Da. Maria da Glória Cleto da Rocha. Dr. Nilo Gomes Jardim, tneto. do Tenente Domingos Gomes Jardim.
Itamar Bopp, casado com Sylvia Miranda Bopp, 7a. neta do Sargento-Mór Vitorino Correia da Costa.
O então Prefeito Dr. Geraldo da Cunha Rodrigues, nos enviou «em nome do Governo Municipal o Ofício n. l/P/56 agradecendo, na qualidade de um dos doadores do Brazão de Resende, cujo símbolo revive as honrosas tradições do seu povo, pondo em relevo as imensas possibilidades de nossa terra».
—Esta não é uma simples explicação destinada a nos atribuir a paternidade do símbolo heráldico de Resende: trata-se de um registro histórico, a que somos obrigados, por dever, com os pósteros.
ITAMAR BOPP

 

PRIMEIRA PARTE
VIGÁRIOS DA PARÓQUIA DE RESENDE
VIGÁRIOS E PADRES NA PARÓQUIA DE RESENDE

 

1) Padre Felipe Teixeira Pinto, capelão — desde 12-V-1747 até seu f 09-VII-1765.
2) Padre Henrique José de Carvalho, nomeado por Carta de 23-IX-1767 f 1789.
3) Padre António de Mattos Nóbrega de Andrade.
4) Padre José António Martins de Sá, vigário confirmado em 1808 t 1827.
5) Padre Francisco Xavier de Tolledo, capelão desde 1748 na catequese dos índios na Aldeia de São Luiz Beltrão (S. Vicente Ferrer) t 27V-1820.
6) Padre Ignácio Ferreira Franco, desde 1831 — leia a gênese.
7) Padre Felipe José Corrêa de Mello, desde 1857. Chefe político, vereador e deputado provincial f 12-IX-1872.
8) Padre Laureano Serpa.
9) Padre José Francisco dos Passos Seabra.

10) Padre João da Matta Tarlé, rezou a 1ª missa aos 21-XII-1874 e 1* missa na Capela de N. S. do Rosário a 24-IX-1880. Solicitou dispensa em 18-VI-1891.
11) Cónego Miguel Calmon de Aragão Bulcão, rezou a 1ª missa na matriz em 09-VI-1891 e a última em 13-IX-1922, f a 15-IX 1922, no Rio de Janeiro. Sepultado no Cemitério dos Passos, segundo sua vontade. A atuação do Cónego Bulcão foi de maior relevo e de mais fartos benefícios. Emancipado de preconceitos e por suas qualidades morais, se impôs a estima e veneração do povo resendense.
12) Padre Arthur Veiga Braga, rezou 1ª missa 16-IX-1923.
13) Padre Alexandre Gonçalves Camello, português, rezou 1ª missa 16-IX-1923.
14) Padre Cícero Machado Salles, 1ª missa a 15-VIII-1924 saiu a 02-IX-1923. Leia a génese.
15) Cónego António Aurélio Cezar de Magalhães, 1ª missa a 09-IX-1923. génese.
16) Padre Vicente Sombrock.
17) Cónego João Baptista Cezar, rezou 1ª missa a 09-II-1927 e a última aos 14-X-1930. t no Instituto Paulista aos 21-XI-1930.
18) Monsenhor José Sundrup, cura desde 1930. Investido com a dignidade de Monsenhor em 1934.
19) Monsenhor Ludovico Stanuch, rezou 1ª missa em 16-VI-1944. Elevado à dignidade de Prelado Doméstico de SS. o Papa em 20-VI-1954.
20) Pároco Orsio Papacchioli — vigário de Itatiaia, foi nomeado pela Provisão de 27-X-1955, assinada por D. Josephus Andreas Coimbra, vigário substituto a pedido do Monsenhor Ludovico Stanuch, que se transferiu provisoriamente para o Rio de Janeiro onde foi empossado pelo Cardeal D. Jaime de Barros Câmara, Capelão e Reitor da Igreja de N. S. da Piedade do RJ., para organizar planos de trabalhos e obras assistenciais e sociais em benefício de seus patrícios poloneses. Aí permaneceu um ano, regressando ao seu posto em Resende, em fins de 1956.
 

 

VIGÁRIOS E PADRES
NA PARÓQUIA DE RESENDE


RESENDE, pelo seu passado histórico, sempre teve papel preponderante nos acontecimentos da vida nacional, tanto no período Imperial como na República. Foi berço de ilustres cidadãos prestantes que, com suas obras de devotamento, deram as mais belas provas de amor ao Brasil.
Ao lado desses eminentes cidadãos, também estiveram os Padres, trabalhando com dedicação, sem descanso nas suas iniciativas, e com os olhos voltados para o rebanho de fiéis, aglutinando ao seu redor, admiradores e amigos de elevada projeção social s política. Os Padres desfrutavam como ainda desfrutam de regalias e autoridade nos assuntos eclesiásticos, políticos e no seio das sociedades.
A Freguezia, desde o início, teve párocos próprios, sendo o primeiro o PADRE FELIPE TEIXEIRA PINTO, que criara e servira a mesma Igreja, por Carta de 13 de dezembro de 1759, e confirmação no dia 4 do mesmo mês do ano seguinte, até o dia 09 de julho de 1765, data em que faleceu. «A Provisão de 12 de maio de 1747, para uso de um altar portátil, enquanto dispostas as madeiras paia esse edifício, com oportunidade se pudesse levantar o templo. O Padre Teixeira Pinto abandonou seus ministérios da Capela de N. S. do Rosário de Ayruoca, para acompanhar a Caravana do Coronel SIMÃO DA CUNHA GAGO, paulista, nascido em Mogi das Cruzes mancomunado com outros sócios, entrou pelo sertão da Capitania de Minas Gerais «para o que assentou vivenda no sítio da lagoa denominada Ayruoca, e aí, formou a «bandeira» para entrar na conquista do gentio, povoador e senhor de todas aquelas vizinhanças, na Serra da Mantiqueira, rompendo afoitamente os matos, atravessou rios e chegou às margens do conhecido com o nome de Paraíba, de cujo lugar, divisou uma dilatada campina, muito aprazível, lançando aí os fundamentos da cultura, e dando ao terreno o nome de CAMPO ALEGRE, com que fizeram conhecido o país de novo habitado, «Memórias Históricas de Monsenhor Pizzaro de Araújo».
A antiga Freguezia de Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre era muito extensa. A linha divisória atingia ao Norte, pela Freguezia de Airuoca, em MG., do Bispado de Mariana, pelo rio Paraúna; a Leste a Paróquia de SantAnna do Piraí; ao Sul pela Comarca de SantAna das Areias do Bispado de São Paulo, e a Oeste, o mesmo Bispado por um lado e por outro novamente o de Mariana, servindo de linha divisória a Serra da Mantiqueira. A extensão de onde confrontava com a Capitania de São Paulo, no lugar denominado Fortaleza até a vila de Barra do Piraí, atingia a distância de 183 quilômetros.
Daí a razão da Paróquia de Resende contar com dezenas e dezenas de Padres, Coadjutores, curas, capelães e encomendados nomeados pelos Párocos, para aliviar o encargo da Administração da Paróquia. Na hierarquia eclesiástica, primitivamente, serviam na Paróquia o Vigário da Vara, o Vigário da Paróquia e os Coadjutores.
Sempre tivemos nosso pensamento voltado para as figuras desses notáveis homens, de merecimentos próprios, de brilhantes qualidades, que no século passado abriram os caminhos da civilização naquelas paragens sul-fluminenses, desempenhando papel proeminente no progresso do Curato, da Freguezia, da Vila e, por fim, da Cidade de Resende. Raros são os dados genealógicos encontrados, desses servidores, pouco se sabendo de onde vieram e sua linhagem. Foi com este propósito, o de conhecer e informar seus ancestrais, que iniciamos pesquisas na Cúria Metropolitana de São Paulo, um dos maiores e mais bem montados arquivos de onde conseguimos, por mercê da alta administração, colher dados das gêneses de alguns Padres que serviram na Freguezia de Resende.
Registramos, com prazer, a informação do Monsenhor José do Patrocínio Lefort, Chanceler do Bispado da Cidade de Campanha, que nos forneceu o fac-simile da assinatura do Padre Felipe Teixeira Pinto (ver clichê), «segundo consta de um compromisso do mesmo Padre, emitido na Irmandade do Santíssimo Sacramento de Ayruoca, no ano de 1735, no dia 5 de março. Ali se encontra a rubrica: «natural do Reino», o que indica ser ele português. Desde o ano de 1734 prestava ele seus trabalhos em Alagoas, certamente na qualidade de minerador. Segundo Monsenhor Pizzaro de Araújo, em Alagoas se achava um caminho escuso por onde era recambiado o Ouro para o Ri» de Janeiro, sem ter que passar pelo Caminho Velho. Aquela picada foi proibida, depois de revelada à autoridade, pelo Alvará Régio de 25 de março de 1725, referendado a 29 de abril de 1727. Teria sido aberta por António Gonçalves de Carvalho, filho de Diogo Gonçalves Corrêa, natural de Porto e de s/m. Ana Rodrigues de Andrade, natural de Pindamonhangaba, e por este neto de José Rodrigues Braga e de s/m. Maria Bicudo. Gen. Paul. vol. V. 394 e «em Memórias Históricas do RJ. por Pizzaro de Araújo». (Casamento 509).
Figura, pela primeira vez, a sua presença em Alagoas no seguinte documento: «Aos sete dias do mês de novembro de 1734, batizou e pôs os Santos óleos, de minha presença, na Capela da Lagoa, o Padre Felipe Teixeira Pinto, a MARIA filha de Francisco Martins Lustosa e de sua mulher Maria Soares Lustosa, e foram padrinhos o Reverendo Padre e Maria Bicudo, mulher de José Rodrigues Braga, todos moradores no Bairro da Lagoa desta Freguesia de N. S. da Cone. de Ayruoca, e para constar fiz este assento, as) O vig. Inocêncio Araújo Menezes» (Livro 1 pág. 2).
 


A pedido do ilustre historiador, Diretor da Revista «Seleções Católicas» Professor e Mestre Dr. Enzo da Silveira, escrevemos em 1960 «O Primeiro Padre na Matriz de Rezende.. e o padre Felippe construiu com pedra e barro a Capela de N. Senhora da Conceição, no mesmo local onde hoje se encontra a magnífica Matriz de Resende, que o atual Monsenhor Ludovico Stanuch reconstruiu, depois do impiedoso incêndio de 22 de agosto de 1945, — que só deixou do antigo Templo as duas torres e a pequena imagem de madeira portuguesa da Santa Virgem da Conceição, que o padre Felippe trouxera com a caravana, em 1744, e que continua na Matriz, exposta à adoração e visitação pública. (Não dispomos de meios para biografar Monsenhor Ludo-viço — que é o 19» Vigário da Paróquia, investido da dignidade de Prelado Doméstico de SS. o Papa em 20-VI-1954. Homem de fé extraordinária, trabalhador incansável, verdadeiro Pastor de Alma, pos mãos à obra, aproveitando as duas torres que sobraram e recolocou a magnífica Matriz na sua santa missão, Casa de Deus. Acredito que foi inspiração divina de N. S. da Conceição a lembrança de S.S. o Papa Paulo VI de premiar, mais uma vez, aquele que sempre fez o bem, que reconstruiu a Casa de Deus, a mais bela Igreja Matriz do Vale do Paraíba, para reunir pobres e ricos, felizes e infelizes, que em romaria procuram consolo, resignação e inspiração na pessoa do benemérito Monsenhor Ludovico Stanuch. O querido e apreciado jornal «A LYRA», em 1954 publicou nossa carta. . . «Estarei com V. Revma, em comunhão espiritual assistindo à Santa Missa que D. José Coimbra, DD. Bispo Diocesano, celebrará no próximo dia 20, para que todos rendamos graças a Deus, por sua elevação ã dignidade de Monsenhor com o título de Camareiro Secreto, que lhe foi outorgado por S.S. o Papa Pio XII, em reconhecimento e proclamação de seus méritos eclesiásticos. Resende está genuflexa orando com seu Padre e Guia — e com ele ascende e dignifica aos olhos de Deus. V. Revma. seu filho dileto, tem-lhe proporcionado a felicidade de obras perenemente meritórias, entre as quais avulta, pela sua magnanimidade, a Igreja que é a representação material do seu esforço, da sua abnegação. da sua inteligência. Você, Padre Ludovico, é o bom lavrador, que de sol a sol trabalha a terra do Senhor, abrindo sulcos de claridade redentora nos escuros campos e hostis sentimentos. Padre Ludovico, seja conosco para sempre, porque na nossa longa e dura jornada, pelos caminhos incertos da vida, necessitamos da sua continuada ajuda espiritual.
Pela Resolução n. 453, de 27 de agosto de 1959, Monsenhor Ludovico foi agraciado com a Cidadania de Honra, pela Câmara Municipal que lhe conferiu o «Diploma de Cidadão Resendense», que pela 6» vez, outorga, no decorrer dos 158 anos da fundação da Vila, que o Poder Judiciário Municipal, assim procede, consagrando serviços prestados à terra resendense. O 1° agraciado com esse título, foi o Deputado Dr. Francisco Chaves de Oliveira Botelho, na dupla representação de médico e de homem público; o 2°, pela Lei n« 50 de 13-IX-1948 que recebeu esse honorifico título, foi o Coronel José Alfredo Sodré, jornalista combatente nos periódicos locais, em benefício da coletividade; 3° pela Lei n? 189, de 27-VII-1951, foi o Presidente Dr. Getúlio Vargas, pelos serviços de integrar no solo resendense, o Parque Nacional do Itatiaya, o Hospital do Exército, e tornando realidade, o sonho apaixonado do intemerato soldado, o patriota General José Pessoa, na instalação da grandiosa Academia Militar das Agulhas Negras, (AMAN); com a mesma Lei n°189, o 4° agraciado foi Dr. Ernani do Amaral Peixoto, por serviços em seu setor administrativo, na qualidade de Governador do Estado do Rio de Janeiro; o 5° cidadão agraciado com a cidadania resendense foi Dr. Otávio de Oliveira Botelho, pela Lei n° 369, de 19-X-1956; o 7° cidadão, Itamar Bopp pela mesma Resolução n. 453, de 27 de agosto de 1959; o 8° agraciado pela Resolução n° 510, de 21-IV-1961, Marechal Eurico Gaspar Dutra, ex-Presidente da República; o 9° cidadão, Dr. Sebastião Araripe Reis, pela Resolução n° 530, o 10° pela Resolução n° 531, Francisco Tavares de Resende e a 11° personalidade agraciada foi Dona Zenaide Drumont Tostes Villela Leandro, pela Resolução n° 532, estas três datadas de 27 de agosto de 1961, tendo em vista relevantes serviços prestado à comunidade.
O Grêmio Recreativo Unidos do Monte Castelo — Rádio Agulhas Negras e o Club de Melodias elegeram em 25-X-1969, Monsenhor Ludovico Stanuch, como o MELHOR DO ANO, conferindo-lhe o «Diploma de Melhor Resendense» e um Troféu de «HONRA AO MÉRITO».

S.S. o Papa Paulo VI agraciou Monsenhor Ludovico Stanuch com a «MEDALHA COMEMORATIVA» das Bodas de Prata em 19-XII-1968.
O Ministério do Estado do Exército, conferiu ao Monsenhor Ludovico Stanuch, a «MEDALHA DO PACIFICADOR», pelos serviços prestados ao Exército Brasileiro, recebendo-a das mãos do General José Fragomeni, Comandante da Academia Militar das Agulhas Negras, em 29 de setembro de 1971, em solenidade especial.

PADRE JOAQUIM PEREIRA DE ESCOBAR



PADRE JOAQUIM PEREIRA DE ESCOBAR, nasceu na Freguesia de Santo António da Patrulha, RS., compatriotado neste Bispado, como consta no Processo de habilitação em São Paulo, aos 06-XI-1806. Filho de José Pereira da Silva Maciel, bat. em Parati, a 25-VII-1749, negociante de Fazenda Seca, em S. Ant. da Patrulha e de s/m. Felizarda Antonia de Escobar, bat. aos 06-IX-1755, na cidade de Itú (Livro I), neto pat. de José Pereira Terra, n. Freg. de N. S. da Luz, da Ilha do Faia!, lavrador em Parati, c.c. Margarida Maria de Jesus, da mesma Ilha do Faial, neto mat. de Baltazar Gomes de Escobar, n. Parnaíba de SP., lavrador em Itú e depois estancieiro em S. A. da Patrulha, casado com Joana de Godoy Escobar, n. de Itú, bis. n. pat. de Balthazar Pereira, n. Freg. N. S. da Luz e s/m. Francisca de Barros, n. Freg. S. S. do Socorro, e mat. de Matheus Gomes e de Ignês Rodrigues, da mesma N S. do Socorro e pela mat. de João Gomes de Escobar e de Joana de Godoy Bicudo, e de Xisto Quadro Bicudo e s/m. Francisca Godoy.
Apresentou patrimônio superior a 500$000 de casas avaliadas com rentabilidade de 25$000 mensais, construídas de paredes de taipa de pilão, cobertas de telhas e com seu quintal competente, na Vila de N. S. das Candelárias de Itu, Notas de 21-IV-1807. Em 1968 escrevemos «RESENDE- Casamento 547 — subsídio família GOMES JARDIM», com referências à personalidade do Padre Escobar, sem contudo, identificar .seus ancestrais, em que o próprio bisneto, Cel. Nilo Gomes Jardim, de saudosa memória, com seus oitenta e tantos anos, bem vividos, não confirmava, exatamente a gênesis desse parente.
Com a linhagem acima descrita, do ilustre conterrâneo, que tantos e tão assinalados serviços prestou à comunidade resendense, nota-se que era irmão de Ignacia Antonia de Escobar c.c. o Tenente Domingos Gomes Jardim, e tio avô do resendense nato, Major David Gomes Jardim, representante de sua estirpe, incorporado aos Dragões da Independência, os guapos infantes que escoltavam o príncipe D. Pedro, quando do seu retorno a São Paulo, nas alturas do ribeiro histórico do Ipiranga, foi proclamada a «Independência do Brasil» e este tio avô do nosso muito querido médico e fazendeiro Dr. Nilo Gomes Jardim Júnior.
O Padre Escobar foi eleito Presidente da Câmara Municipal da Vila de Rezende em 1828, e no programa de melhorias constava o aformoseamento e civilização dos povos da Vila. Foi Juiz Municipal, Deputado Estadual para Legislação 1835/1838, renunciando todo o montante do seu subsídio destinando-o às obras públicas de

Resende. É de nosso interesse e vamos repetir que o Padre Escobar, foi quem conseguiu a Regulamentação Geral dos Correios de 5 de março de 1829, como se nota em seus ofícios de 21--II-1829, dirigido ao Ministro José Clemente Pereira, e com a instalação da 1» Agência de Correios, em 1829, sob a Administração do cidadão António da Rocha Miranda e Silva, (pai do Barão de Bananal) que aceitou o cargo, também sem remuneração. Foi uma figura benquista, conquistando popularidade, prestígio e influência no cenário político e social da Vila de Resende.

PADRE IGNÁCIO FERREIRA FRANCO

 


PADRE IGNÁCIO FERREIRA FRANCO, nasceu na vila de Moji das Cruzes, filho l. de Custódio Ferreira da Silva Ayrão, n. Freg. de Sta. Maria de Ayrão, Termo de Guimarães, Arcebispado de Braga, de s/m. Escolástica Maria Franco de Camargo, n. Moji das Cruzes, n. pat. de Manoel Ferreira, lavrador, e s/m. Quitéria da Silva, da dita Freg. de Ayrão, neto mat. de António Bueno Freire, n. Vila de Jacareí e de s/m. Maria Joaquina Franco, n. Conceição de Guarulhos, Maria Joaquina Franco foi batizada a 09-1-1756, f. leg. do Capitão Miguel Franco do Prado e de s/m. Eleonor de Camargo, neta pat. de Lourenço Franco do Prado, n. da Vila de S. João de Atibaia, e de s/m. Maria Bueno, casou-se na Matriz de Guarulhos, com António Bueno Freire, aos 08-VIII-1771, filho leg. de José Francisco de Figueiredo, n. Guarulhos e s/m. Escolástica Bueno da Silveira, n. Cid. de São Paulo, neto pat. de Lourenço Corrêa de Moraes e de s/m. Maria Francisca de Godoys e neto mat. de Balthazar da Veiga Bueno e s/m. Ana Maria da Silva, n. S. P. Na Carta de Segredo para Moji das Cruzes, foram juramentadas 10 testemunhas fidedignas: Cap. António Joaquim de Almeida Ramos; Ajudante Veríssimo Affonso Ferreira; Ajudante Joaquim António da Cunha; Domingos Dias Leme; Joaquim José de Farias Paiva e outros. Em Guarulhos o Sargento Mor Francisco Leandro Leme de Moraes; Guarda-Mor António Bueno da Silva; Bento Francisco Xavier Bueno; Capitão Felix Joaquim de Almeida e o Alferes Manoel Cardoso Bueno.
Apresentou Patrimônio constante de um sítio de Terras no Bairro de Moji, pela Escritura Pública de 08-X-1830, do Escrivão de Notas António Suliono Leite.
O Edital da Carta foi afixado aos 03-X-1830, no lugar de costume e com a missa Conventual na Matriz de Moji das Cruzes, em que o habilitando IGNÁCIO FERREIRA FRANCO, acha-se examinado e aprovado para as Ordens de Diácono e Presbítero Secular.
O Padre Ignácio Ferreira Franco foi o Sexto Vigário da Paróquia de Resende, atuando desde 1831, inicialmente em São Bom Jesus do Ribeirão de SantAnna, batisando António, f. leg. de Francisco Corrêa Leme e s/m. Mariana de Farias Leme, e em 08-IX-1833, batisando Maria, f. leg. de Saturnino Franco Ferraz e s/m. Eduarda Maria do Espírito Santo, neta mat. de Manoel da Cunha Machado e Ana Gertrudes de Mello e neta pat. de Salvador Leite Ferraz, n. Moji, da Guarda de Honra de D. Pedro I e de s/m. Joana Nepomucena Franco. Os serviços inúmeros desse sacerdote até o ano de 1853, nas cinco freguezias criadas na Paróquia, eram constantes e valiosos.

 

PADRE JOÃO HIGINO DE CAMARGO LESSA

 

PADRE JOÃO HIGINO DE CAMARGO LESSA, batisado aos 11-1-1818, na Matriz de ,N. S. da Conceição de Santa Efigênia, f. leg. de Manoel Gonçalves de Souza, batisado pelo padre Francisco de Godoy Coelho, aos 16-VIII-1787, Livro I, fls. 134 e de s/m. Francisca Bonifácia do Espírito Santo, ambos bat. na Catedral da Sé, da Cidade de São Paulo. Aos 20-111-1811, na Matriz de Santa Efigênia, perante o Dr. Juiz de Casamentos Padre Manoel Joaquim Gonçalves de Andrade, recebera-se em matrimônio Manoel Gonçalves de Souza, f. leg. de Salvador Gonçalves de Souza, natural de Santos, e de s/m. Catarina Maria das Neves, n. Itanhaém, com Francisca Bonifácia do Espírito Santo, f. leg. de Heitor de (ilegível) e de s/m. Izabel Pires de Camargo, e foram test.: o vigário Colado António Paes de Camargo, Salvador Mariano Prado e o Porta Bandeira Joaquim Manoel Borges. Catarina Maria das Neves, batisada aos 14-X-1753, filha leg. de Demétrio Adorno e de s/m. Maria Ferreira, e foram padr.: Alferes José Pedroso das Neves e Tereza, filha de Frederico Lopes, todos naturais de Itanhaém.
O Padre Higino Lessa foi o oficiante do batismo em 24-1-1864, do Dr. ALIPIO CARLOS BORBA, engenheiro eletricista, um dos fundadores da poderosa «São Paulo Light S/A.» e da primeira linha de bondes da Capital paulista e foi marido de Da. ALAYDE PINHEIRO BORBA, distinta dama da alta sociedade paulistana, querida e estimada por quantos a conheçam, e reside na Capital. (Leia Casamento 320, do autor, publicado em 1971, contendo o «Clichê» do batisado). O Padre Lessa percorria os distritos, tendo permanecido em S. Vicente Férrer, por longos anos, onde recebeu em matrimônio centenas de casais, entre eles José Martins de Arantes, c.c. Francisco Barretto Ramos, filha de Alferes João Pereira Ramos e Francisca Luiza de Salles Barretto; António Teixeira Pinto de Carvalho, c.c. Maria Tereza, filha leg. de Bento Teixeira Pinto e s/m. Maria Rosa Sampaio; José, f. leg. de Luiz António Salgado Guimarães, c.c. Francisca Maria, f. leg. de António de Pádua Salgado e s/m. Adriana Luiza Salgado; Braz Corrêa do Prado, c.c. Mathildes Teodora, f. leg. de António Teodoro do Nascimento e de Ana Maria Teodora; António Ignácio Barcellos, c.c. Hiria Maria da Conceição, f. leg. de João Evangelista de Souza e de s/m. Ana Rosa da Conceição; Izidoro Santiago de Mesquita, f. leg. de Felipe Santiago de Mesquita e s/m. Silvana Francisca do Esp. Santo, c.c. Maria Magdalena, f. leg. de Joaquim José de Carvalho e de s/m. Josefa Maria de Mendonça, e José Ferreira da Silva Reis, f. leg. de Salvador Leme da Silva Reis e de Clara Maria da Silva, c.c. Ana Maria da Conceição, f. leg. de José António Gonçalves e de Sebastiana Maria da Conceição.

PADRE MANOEL SERAFIM DOS ANJO

 


PADRE MANOEL SERAFIM DOS ANJOS, n. Vila de Sorocaba, f. leg .do Guarda-Mor, Ignácio José Ferreira Coutinho, n. na freg. de Sto. André de Marecos, Bispado de Penafiel e de s/m. Maria Magdalena de Jesus, n. da Freg. de Vila de S. Francisco das Chagas de Taubaté, neto pat. de Thomaz Ferreira e de s/m. Clara Nogueira, n. de Santo André, de Marecos, Batismo: livro 1, fls. 82 — Matriz de Sorocaba: Em 30-0V-1765, batisou e pos os Santos Óleos o Revmo. Vigário Rafael Tobias de Aguiar a MANOEL, inocente filho de Ignácio José Ferreira Coutinho e de s/m. Maria Magdalena de Jesus, e padr.: José de Almeida Leite e Maria de Almeida Leite, viúva, todos desta freguesia, e para constar fiz este assento que assino a) Coadjutor Manoel de Campos Bicudo.


Requerimento de próprio punho de Ignácio Ferreira Franco para se ordenar padre
 


Requerimento de próprio punho de Manoel Serafim dos Anjos, para se ordenar padre

 

Casamento: Livro 3, fls. 38, Igreja Paroquial de S. Fco. das Chagas de Taubaté: Ignácio José Ferreira Coutinho, f. leg. de Thomaz Ferreira e de Clara Nogueira. Aos 07-1-1764, na Igreja Matriz de Taubaté, c.c. Maria Magdalena de Jesus, as) vig. Pedro da Fonseca Carvalho e test.: Cap. Mor Bento Lopes da Silva e Capitão António Coutinho Cordeiro, e neto materno de Lourenço da Cunha Prado, n. de Taubaté, f. leg. de Matheus Vieira da Cunha e de s/m. Izabel Bicudo, casou-se com Leocádia de Toledo, n. desta Taubaté, f. leg. de Manoel Pedroso de Tolledo e de s/m. Maria da Conceição. Assistiram essa cerimônia Amaro de Tolledo Cortez, casado, Timóteo Corrêa de Tolledo e outras pessoas mais que se achavam presentes, moradores desta freguesia, as) Vigário João Bessa dos Passos.
Batismo: Aos 15-VII-1725, pos os Santos Óleos a LEOCÁDIA, inocente filha, leg. do matrimônio de Manoel Pedroso de Tolledo e de Maria da Conceição, e padr.: Thomé Nunes e Francisca Moreira de Castilhos. as) Vig.» António de Lima Fagundes. O assento de Batismo de Lourenço da Cunha Prado e de Maria Magdalena de Jesus, não foram achados, as) Vig. Francisco Luiz Brazeiro. Taubaté 01-1-1790.
O requerimento de MANOEL SERAFIM DOS ANJOS, pedindo para melhor servir a Deus e à Igreja e do seu desejo de ser ordenado nas ordens menores sacras, data de 26-IV-1787. E a Carta assinada em 07-IV 1796, pelo Doutor Paulo de Souza Rocha, Procurador Apostólico e Comissário do Santo Ofício e da Bulia da Santa Cruzada, Arcebispado da Sé, Catedral da Cidade de São Paulo, Governador de todo o Bispado: e pelo Vigário Geral e Juiz das Justificações de Gênese D. Matheus de Abreu Ferreira, por Mercê de Deus e da Santa Sé Católica e Bispo da Diocese de S. Majestade Fidelíssima, etc. etc.
A rememoração do nome do PADRE MANOEL SERAFIM DOS ANJOS, cuja lembrança se eterniza em inequívocas demonstrações do seu valor, na homenagem que a CM. prestou somente em 1873, dando seu nome a uma via pública tradicional, onde ele residiu assim que chegou à Vila. A rua PADRE MANOEL DOS ANJOS foi a célula mater da cidade, foi a primeira ruela rasgada quando a Caravana de CEL. SIMÃO DA CUNHA GAGO, transpôs o rio Paraíba, deslocando-se da margem esquerda, onde havia acampado, para localizar-se na barranca oposta e abrigando-se dos ataques dos índios purís. Monsenhor Pizzaro de Araújo, em «Memórias Históricas», diz «que só em 1746, aconselhado pelo Padre Felippe Teixeira Finto, o abarrancamento transferiu seu alojamento para um recanto» da atual Praça Dr. Oliveira Botelho, onde se encontra a atual Igreja Matriz de Resende.
Em 1830 essa via chamava-se «Rua da Cachoeira» pelo fato de defrontar com uma cachoeira no leito do rio Paraíba. Em 1854, passou a chamar-se «Rua do Quartel», por ter na sua esquina com a rua do Rosário, o Quartel da Guarnição Policial da Cidade. Foi o período áureo da ruazinha, e a Cidade teve o esplendor da glória, do prestígio e da riqueza, com a produção de café, que sustentava o aumento dos fundos dos Cofres Públicos e a economia brasileira. Diariamente a rua ficava congestionada pelas carretas, puxadas por juntas de bois, com carroças e cavaleiros e, ainda, por tropas de mulas arreadas com cangalhas e bruacas, que transportavam produtos do interior do Município e das Comarcas vizinhas, principalmente o café, para os grandes armazéns de SÁ MACEDO & VELLOZO, (bizavós de minha mulher Sylvia Bopp), Casa Comissária que enviava anualmente ao mercado da Corte, mais de 500 mil arrobas da rubiácea, rio abaixo e rio acima, em pequenos barcos a vela, a remo e em pesados batelões. Após a guerra do Paraguai, as resendenses voltaram a ostentar vestidos de seda pura, importados da França, chapéus de veludo, com plumas etc. e os homens, as cartolas cinzas, altas, o chapéu de coco, e o do «Chile» eram os mais comuns; os chapéus italianos, tirolinos, eram vistos na alta roda e, em virtude desse «chique» do povo, os viajantes ilustres que chegavam à cidade, sentiam o contraste, que não condizia com a cultura e com a riqueza, assim como o luxo com o que se vestiam os habitantes da cidade, que conservava em suas artérias nomes exóticos, como o de LAVA-PÉS, hoje à «Rua Dr. Eduardo Cotrim».

Era uma rua febricitante, desde a entrada da Cruz das Almas, de onde vinham os produtos da terra para abastecer a Cidade. Ali, devia ser um enorme alagadiço, com atoleiros que subiam aos joelhos. Os tropeiros transpunham todas as barreiras, como bons mineiros, que nada se antepõe à sua jornada. Esses tropeiros traziam guardados em Canastras de couros, os seus trajes de algodão, para entrar no povoado bem apresentados. Acontece que no inicio da subida da ladeira, para a Praça da Matriz, havia um córrego que atravessava todo o caminho (ainda existe o mesmo córrego, no mesmo local, que atravessa a Rua Dr. Eduardo Cotrim) e aí, todos os tropeiros faziam alto, para lavarem os pés enlameados, e depois de bem limpos, chegavam ao Rancho do Pouso. Foi assim, e por isso que toda aquela parte do Sul da Cidade, tomou o nome de LAVAPÉS, e a rua principal com o mesmo nome, alusivo ao gesto dos tropeiros do passado, pioneiros em auxiliar a criar e a enriquecer povoados, vilas e cidades brasileiras.
O Padre Manoel dos Anjos devia. ser muito querido das famílias importantes da época, pela preferência que lhe davam para os ofícios religiosos, como nas cerimônias dos casamentos do Comendador Bento de Azevedo Maia, do Comendador Diogo Barbosa Lima, dos irmãos Capitão Fortunato e José Pereira Leite com as irmãs Tereza e Anacleta, filhas do Alferes João Ferreira Guimarães, e inúmeras vezes, paraninfando na pia batismal, como a MARIA filha de Francisco Nunes de Paula, e tantos e tantos outros serviços alusivos ao seu ministério.

 

PADRE JOSÉ MARQUES DA MOTTA


PADRE JOSÉ MARQUES DA MOTTA, nasceu aos 27-111 e foi batisado aos ll-IV-1795 pelo vig° Manoel Gomes de Souza ,na Matriz de Santo António da Villa de São José, Comarca do Rio das Mortes, Bispado de Mariana, e foram padrinhos: Alferes José Vicente de Almeida e Ana Marques Sombreira, irmã do batisando (Livro 5.o dos batisandos da Igreja de S. José), filho leg. do Furriel António Marques Pinto, natural da freg. de Sam Mamede do Valongo, bisp. de Penafield, Portugal e de s/m. Ana Thomazia da Mota, n. da Vila de São José, net. pat. de António Francisco Sombreiro, filho de António Martins Sombreiro, que se casou em 06-IV-1712 com Maria Marques (Livro 6° fls. 72, S. Mamede) e de sua mulher Tereza Marques, com quem se casou em 05-IX-1740, em S. Mamede, net. mat. do Alferes Caetano Martins da Fonseca, filho leg. de António Martins Machado e de Izabel da Fonseca Pinto e de £/m. Sancha Maria da Motta, filha de Francisco Duarte da Motta e de s/m. Maria de Góy (ou Góes) da Motta, todos naturais de St. Ant. de Guaratinguetá.
O Processo de gêneses consta de 180 páginas manuscritas do habilitando* José Marques da Motta, para receber as ordens menores e sacras: Apresentou Escritura Pública de Doação datada de 05-IX-1816 do Tabelião José da Costa e Silva, da Vila de Guaratinguetá de casas de moradas edificadas na Vila no Canto do Parque da Matriz, de propriedade de seu irmão Alferes Bento José Marques e de s/m. Teodora Molina de Jesus.
A Carta passada em junho de 1817.
O Padre Marques era de espírito arrebatado e iluminava-lhe a alma a centelha da revolução. Servia à Igreja com devotado carinho. Pedia a Deus iluminar as almas dos homens no desejo de se ajudarem uns aos outros. Servia a Pátria, antes de tudo, com religioso devotamento. Tudo pela Pátria, era o seu lema. De adiantadas idéias de sadio liberalismo, como todo intelectual, envolvera-se no movimento político que começava a convulsionar o país inteiro, e por isso tornou-se incompatível com os seus superiores hierárquicos da Diocese de Mariana. Para evitar prejuízos ao catolicismo, resolveu mudar-se de sua terra e do seu clima. Ouvira falar na salubridade e na uberdade do solo resendense, que atraía muitos agricultores seus conterrâneos. E assim
 


Requerimento de próprio punho de Jose Marques da Motta, para se ordenar padre.

 

chegou a Resende em fins do ano 1826, com firme propósito de ser somente padre, evitando preocupações outras estranhas ao seu sagrado ministério. Apesar de haver outros três párocos, além do Vigário da Vara Eclesiástica de Resende, o Padre Marques localizou-se na Vila, a cuja história se vinculou, tornando-se figura conceituada em todos os meios sociais e culturais. Conquistou ascendência e grande prestígio em todo Município, dominando uma das facções políticas de oposição à corrente dominante. Elegeu-se Vereador para o quadriênio 1829/1832 e tomou posse na ses. da Câmara a 07-VII-1829. «Em seguida propôs que a Câmara representasse ao corpo legislativo sobre a necessidade de se criar uma nova Província, tendo Resende por Capital, e por distritos os municípios limítrofes deste, e alguns outros das províncias de São Paulo, Minas Gerais e do Rio de Janeiro; e que nesse sentido se oficiasse consultando as Câmaras de Arêas, São João do Príncipe, Silveira, Bananal, Valença, Lorena, Cruzeiro, Cunha, Baependy, Ayruoca, Ilha Grande e Paraty, inspirado no interesse comum desses municípios, que, como o de Resende, sofria vexames, ao caminhar grandes distâncias, a pé, com a mochila às costas, ou a cavalo, usando as armas por defesa, em caminhos maus, para irem às Capitais respectivas em demanda de recursos atinentes às suas necessidades de melhoramentos». As câmaras dissidentes consultaram mais as rivalidades que quase sempre existem entre povoações vizinhas do que o bem-estar e o cômodo de seus munícipes ! . . . (Dr. João Maia e REZENDE os Cem Anos da Cidade, vol. I)».
O projeto em que o Padre Marques interpretou e objetivou o seu ideal, teve sentimento patriótico e cívico, divisando e coordenando a necessidade imprescindível de melhoria para a população. Por coincidência o «ESTADO DE SÃO PAULO», de 25-11-1973, publica um trabalho em que o sociólogo Severino Marques Monteiro explica as modificações feitas nas áreas dos Estados, como necessárias para colocar essas regiões sob a influência de centros que, melhor poderão lhes promover o desenvolvimento. Aquele projeto do padre Marques, estaria ainda valendo hoje, beneficiando as Câmaras e os habitantes e dando aos Municípios um equilíbrio político.
Inteligência de escol e de lúcida visão, o Padre Marques compreendeu que somente sua palavra de extremado agitador não era suficiente para alastrar a propaganda em todos os recantos e infiltrar-se em outras terras. Em janeiro de 1831 fundou e editou o primeiro jornal de Resende «O GÊNIO BRASILEIRO» (talvez o primeiro jornal de toda Província), imprimindo-o totalmente às suas custas, trazendo do Rio de Janeiro o material necessário, inclusive um tipógrafo, com quem aprendeu a nobre arte. A tipografia foi instalada na Casa Paroquial, sob a razão de MOTTA & Cia., sendo o Padre o próprio administrador. No movimento do povo resendense, sobre o sete de abril de 1831, o Padre Marques distinguia-se sobre todos, pelo ardor de suas convicções democráticas, por seu espírito culto e pelo prestígio de redator do seu Jornal, que muito contribuiu para esse pronunciamento, incitando os ânimos a tomarem a defesa das liberdades constitucionais ameaçadas. E foi perfeita a organização do Padre em aglutinar forças para cooperar com o movimento nacionalista orientado na Corte por Evaristo da Veiga, que culminou no episódio da Abdicação. (Jornal raríssimo «O GÊNIO BRASILEIRO», do qual temos Xerox de dois números, por gentileza do nosso saudoso historiógrafo Dr. Hélio Vianna).
O Padre Marques, o grande espírito liberal, iluminou o cenário da Cidade levando para ali o primeiro Piano para se deleitar com os acordes do mágico instrumento. O Padre Marques fez parte de quase todas as comissões administrativas das obras públicas de vulto, destacando-se a Capela dos Passos, da Cadeia, da nova Ponte, e a sugestão de uma Santa Casa de Misericórdia, da qual foi o 1» Provedor em 1835, e de tantos outros valiosos empreendimentos prestados à cultura e ao progresso da Vila.
RESENDE completa 125 anos de elevação à Cidade, conforme o Decreto 438 assinado pelo Visconde de Barbacena, Comendador da Ordem de Cristo e Presidente da Província do Rio de Janeiro:
Artigo único:
«FICA ELEVADA A CATEGORIA DE CIDADE A VILA DE RESENDE»

A elevação à Cidade, deveu-se a três figuras destacadas, Comendador Fabiano Pereira Barretto, Padre José Marques da Motta e o Vigário Joaquim Pereira de Escobar, que agiam desde 1841 no sentido de elevar à categoria de Cidade, o extremo Município Sul-fluminense, na fronteira paulista, para assegurar à vila emergente, o direito aos foros de cidadania, sem lograr êxito, O Padre Marques retornou à Câmara Municipal de 1845/848 e jurou vencer a campanha a que se devotara com ardor cívico e pelo amor à terra que o acolhera. Usou todos os meios da imprensa, na tribuna da Câmara, na tribuna popular, na tribuna sacra e até no púlpito da Igreja Matriz, e nos altares das Capelas do interior e nas ruas, a — CIDADE — era o «slogan». Era uma obsessão a idéia fixa do infatigado mineiro. Escrevia e endereçava mensagens às figuras oficiais, ao Imperador, ao Presidente da Província. Não esmorecia e nem estancava na caminhada de seu plano. Afinal venceu o incansável sacerdote, quando a Assembléia Legislativa aprovou a 6 de julho a Resolução conferindo à Vila as prerrogativas de Cidade, sancionada a 12 e só a 25 de julho foi expedida, a notícia oficial que a 29 chegou às mãos do Presidente da Câmara, Dr. Pedro Ramos da Silva.
Por indicação do Vereador Dr. João Carneiro de Azevedo Maia, ficou o dia 27 de agosto para a solenidade, «que será saudado, ao amanhecer, com 21 tiros de peças, depois do que a música tocará alvorada, percorrendo as ruas, largando-se girândolas e foguetes; ao meio dia a Câmara se reunirá em seus Passos, convidando as Autoridades Civis, Eclesiásticas e Militares e mais Cidadãos para assistir ao ato, seguindo-se para a Igreja Matriz onde se cantará um Te-Deum solene, e se entoará vivas à família Imperial, aos Poderes Superiores do Estado e a todos os habitantes do País, e a Cidade se iluminará por três dias a se contar do dia 27; e às 8 horas se reunirão nos Paços da Câmara, os Cidadãos com suas famílias para assistir ao baile que lhes será oferecido» ...
Tinha razão o Padre Marques ao insistir em elevar à vila com foros de Cidade, a uma localidade no Sul da Serra da Mantiqueira, compreendendo o Itatiaia, um pormenor da paisagem sul-fluminense, ponto mais alto, onde o maciço da cordilheira central volta para divisar os Estados de Minas Gerais, São Paulo e do Rio de Janeiro. Ele previa um futuro fabuloso para uma cidade que tem tudo o que o homem deseja de bom; a fertilidade das terras, a suavidade do clima, considerado excepcional, a vasta rede hidráulica proveniente da difusão de vários rios, num ruído forte de cataratas que jorram águas límpidas, em piscinas naturais, num perímetro de quase dois mil quilômetros. A fisionomia topográfica, com sua configuração de uma beleza sem fim, com uma extensa planura a um elevado pináculo, atingindo uma das maiores altitudes no sistema orográfico brasileiro, com f atores naturais e com atrações próximas umas de outras. Há estradas asfaltadas rodopiando em paisagens verdes, símbolo da renovação, ornadas com flores multicoloridas e espécimes raros de Orquídeas, dentro da natureza, com caminhos pitorescos em meio a uma floresta virgem em quase toda a região, povoada de uma variedade enorme de lindos pássaros, e com um conjunto de animais próprios da serra, para um Turismo romântico com comodidades práticas e com encantadoras hospedagens, para todos os gostos e requintes.
No Livro de óbitos Livres, a fls. 63, da Câmara Municipal, consta o seguinte: «Aos 4 dias de maio de 1846, sepultou-se nas Catacumbas desta Paróquia, vestido cléricamente o REVERENDO PADRE JOSÉ MARQUES DA MOTTA, natural da Província de Minas Gerais, Vigário da Vara, de idade de 53 anos, falecido dia antecedente, com Testamento. Foi consagrado, ungido e recebeu a Sagrada Eucaristia. Recomendei sua alma, tendo seu corpo sido acompanhado solenemente de sua Casa para a Igreja e desta para a Capela dos Passos, e daí para o lugar em que for. as) Vig. Manoel da Fonseca Mello».
Uma particularidade na sua folha testamentária — ... «o pálio roxo que está em minha casa é do Senhor dos Passos, e o piano que também está lá, não é meu, é do filho do Capitão Pompéia».

Dez anos depois aberta no Cemitério dos Passos, o Coval em que repousava, houve emocionante surpresa: — o cadáver estava mumificado. Com isso houve oportunidade de ser fixado na tela o retrato que figura na Galeria dos Servidores da Santa Casa" de Misericórdia.
O Padre Marques era figura máxima, dominante, que exaltou o espírito de brasilidade do povo resendense, e no decorrer de uma existência fecunda de empreendimentos e em realizações culturais e patrióticas, que o engrandeceram e o glorificaram, deixando a marca da sua personalidade pelo devotamento ao bem da coletividade, o Padre Marques morreu pobre, como é descrito e se deduz de seu testamento.


 

PADRE JOÃO ANTUNES CORDEIRO


PADRE JOÃO ANTUNES CORDEIRO, nascido na Vila de Taubaté, f. l.   de João Garcia Cordeiro e s/m. Martha Barbosa de Santa Cruz. neto. mat. de Salvador do Prado Barbosa e s/m. Estácia Antunes e pela paterna de Domingos Cordeiro Gil, todos n. de Taubaté e s/m. Antonia Coutinha de Peralta, n. N. S. da Conceição de Guarulhos. Mostra-se ser o Habilitando, ter Pais, avós paternos e maternos legítimos Cristãos velhos, sem raça de Judeus ou de outras etc. leia o Clichê n. pat. de Bento Gil de Siqueira e s/m. Maria da Luz. bis-n-pat. de Domingos Luiz Cabral e s/m. Catarina do Prado, esta filha Cap. António Correia da Veiga e s/m. Martha de Miranda Portes, todos de Taubaté.
Salvador do Prado Barbosa foi batisado aos 18-V-1689 f. l.   de Luiz Cabral e s/m. Violante de Siqueira. Estácia Antunes casou-se aos 02-IX-1737 com Salvador Prado Barbosa e era filha de Capitão António Corrêa da Veiga e s/m. Martha de Miranda Portes.
A Carta de Publicandis — Impressa — foi passada ao Coadjutor João Antunes Cordeiro aos 25-dezembro de 1766, tendo iniciado o Processo em 25-X-1764.
O Padre Antunes foi um dos primeiros Coadjutores da Paróquia e em 4-V-1788 na Capela de SantAnna do Piraí que pertencia à Freguesia de Campo Alegre, foi oficiante da cerimônia de casamento de João Barbosa de Brito, batisado na Vila de Itu de SP. f. l.   de João Lemes de Brito e s/m. Teresa de Jesus Barbosa, com licença do Vigário da Vara Padre Henrique José de Carvalho, colado da freg. de C. Alegre e na presença do Coadjutor de São João Marcos, Padre Agostinho Luiz Pacheco Leite, com Ana Maria de Souza, bat. na Matriz de N. S. da Candelária de Itu, f. l.   de Gonçalo de Souza Rodrigues e de s/m. Ângela Maria de Camargo Rodrigues. (Um dos últimos assentos, foi o do batisando Teodora Joaquina dos Santos, em 24-111-1793 na pia batismal de S.A. do Piraí, f. l.   de João de Oliveira Évora e de Maria Antonia Rangel, que casou-se na Matriz de Resende aos 9-XII-1813 p. vig. José António Martins de Sã, com António José Gomes de Andrade, n. freg. Santa Leocádia da Luanda, Arcebispado de Braga, f. l.   de António José Gomes de Andrade e de Rosa Maria.


 

PADRE MANOEL DA FONSECA MELLO


PADRE MANOEL DA FONSECA MELLO, batisado aos 03-IV-1803, na Matriz da Vila de Mogi das Cruzes, f. l.   de Manoel da Fonseca Mello, b. aos 03-11-1773 e de s/m. Maria Clara de Almeida, b. aos 28-XII-1772, viúva de Fco. José Pinto Mourão. n. pat. de Salvador Affonseca Coelho, bat. aos 01-X-1740, f. l.   de Manoel de Affonseca Coelho e de s/m. Maria Gouvêa c. c. Josepha de Araújo de Mello, f.l de Manoel de Mello e de s/m. Maria de Araújo, batisada a 04-IX-1746, bisp. Porto, net mat. Tenente Angelo Leite de Siqueira, bat. a 14-VI-1738, f. l.   de João Leite de Siqueira e s/m. Agostinha Maxada, já ff, todos da Matriz de Mogi das Cruzes.
Neto mat. de António Coelho de Azevedo e s/m. Rosa Pedrosa e pela parte paterna de Gervasio de Mello c.c. Izabel Fernandes n. da Freg. de Sta. Maria do Rondofinho, Arceb. de Braga e pela parte materna de Thomé Pimenta de Andrade e s/m. Josefa de Araújo Mello f. l.   de Manoel de Mello e Maria de Araújo.
Ângelo Leite de Siqueira casou a 08-V-1765 (Livro de casamentos fls. 44) n. Mogi das Cruzes, f. l.   de João Leite de Siqueira e s/m. Agostinha Maxada, já ft, neto pat. de António de Siqueira Sayão e s/m. Úrsula da Cunha, c.c. Felícia Maria de Almeida, n. Mogi, f. l.   de António Maxado Cardoso, n. Cid. de S. Paulo, e de s/m. Catarina Correia de Almeida, e pela paterna de Francisco Maxado, n. de Itanhaem e s/m. Domingas Cardosa, n. São Paulo.
Patrimônio: Casas de Moradas no Bairro de Salto Grande, em Mogi das Cruzes, que recebeu por inventário que se procedeu pela morte de seu pai Manoel da Fonseca Mello. Recebeu a Carta aos 21-VI-1828 e foi nomeado Presbítero Secular deste Bispado para exercer como Vigário Encomendado na Freg. de Cabo Verde.
Político, foi eleito vereador no quatriênio 1849/1852.
PADRE ANTÓNIO ANTUNES MACIEL, n. da Vila de Bom Jesus de Cuiabá, do Bispado do Rio de Janeiro, compatriotado em SP., filho leg. de Francisco Leite de Arruda e de Escolástica de Campos Rondon, ambos n. Cuiabá, neto pat. de João Antunes Bicudo e de Maria Leite de Arruda, naturais da Vila de Itu, e neto mat. de António João de Medeiros, n. desta Cidade de SP, e de Gertrudes de Campos, n. da Vila de Sorocaba.
Gêneses: de Francisco João Botelho, n. aos 01-VII-1717 na Vila de Itu, e de s/m. Rita Campos Maciel, n. da mesma Vila de Itu. Neto pat. de Luiz de Souza Botelho, n. Portugal e de s/m. Maria Pereira da Cruz, n. de Itu, neto materno de José Antunes Maciel, bat. a 12-IV-1964, f. l. de António Antunes Maciel e s/m. Maria de Campos. Casou-se aos 25-IV-1712 na Matriz de Itu, com Maria Soares Ferreira, bat. a 13-X-1698 em Itu, f. leg. de Capitão Paschoal Delgado e de s/m. Izabel Cubas. Luiz de Souza Botelho, f. l.   de João de Souza Botelho e de s/m. Maria de Abreu, naturais de Arzella, do Bispado de Coimbra, c.c. Maria Pereira da Cruz, filha de Luciano Pereira, já t e de s/m. Ana Maria de Abreu. Oficiante Vig9.Manoel de Barros.
Carta passada e assinada aos 14-junho de 1783 pelos vigs. António Maxado da Silva e Gaspar de Souza Leal.
 


Requerimento do habilitando João Antunes Cordeiro para se ordenar padre

 

PADRE CÍCERO MACHADO SALLES

 

PADRE CÍCERO MACHADO SALLES, nasceu na cidade de Rio Preto, Minas Gerais, aos 12-XI-1897, e foi batisado a 20-111-1898 pelo Cônego Francisco Fabiano de Assis Peixoto. Filho legitimo do Dr. Juvenal Augusto Salles e Silva e de s/m. Cantianila Machado de Salles e Silva, neto pat. do Dr. Horácio Cândido de Salles e Silva e de Ana Vivina de Salles e Silva, e pela mat. do Comendador José Ignácio Machado e de Virgínia Maria da Costa Machado. Crismado em Belo Horizonte por D. Silvério Gomes Pimenta. Cursou o Colégio Santo Afonso, em Aparecida do Norte, SP. Foi tonsurado na Capela do Seminário em 28-VI-1920 e recebeu as Ordens menores em dezembro de 1921. Presbiterato em ll-XI-1923 e Terminário por D. Helvécio Gomes de Oliveira, da Cúria Metropolitana de Mariana. Rezou sua primeira missa no altar de Lourdes, na Capela do 'Seminário de Mariana, e no dia seguinte à sua ordenação, 21-XT-1P23, celebrou a primeira MISSA NOVA em sua cidade natal. O Padre Cícero celebrou a sua primeira missa em Resende, no dia 15-VIII-1924, fí foi o 14Ç Vigário que teve a Matriz desde sua fundação, tendo vindo de Barra do Piraí, onde exercia as funções de Secretário e Administrador Apostólico da Diocese da Barra Piral. Moço inteligente e afável, prestou à causa religiosa os melhores serviços nos misteres sacerdotais, impondo confiança em toda a sua jurisdição. Resolveu celebrar duas vezes ao mês, a missa conventual, aos domingos, na Capela de Campos Elíseos, atendendo aspirações dos habitantes do Distrito, logrando assim as simpatias dos católicos, pelo tratamento amável que dispensava a todos. Administrou a Paróquia com muita atividade e todo acerto, deixando traços brilhantes de sua personalidade. Por motivo de saúde, foi forçado a deixar a cidade de Resende, regressando para Mariana.

CÔNEGO ANTÓNIO AURÉLIO CORRÊA DE MAGALHÃES


CÔNEGO ANTÓNIO AURÉLIO CORRÊA DE MAGALHÃES, nasceu aos 02-XII-1881 na rua d'Água Limpa da cidade de Ouro Preto e foi batisado na Capela Imperial de Santo, António, no Palácio de Ouro Preto, aos 18-1-1882, pelo Cônego SantAnna, e foram padrinhos o casal Major António Leão Lopes da Cruz e Dona Maria José. Filho leg. de Capitão Augusto Corrêa de Magalhães e de s/m. Marcelina Pimenta de Magalhães, neto pat. de José Corrêa de Magalhães e de Leopoldina Marcai Corrêa de Magalhães e neto mat. de José Pimenta da Silva e de Maria Joana Junqueira de Castro.
Fez seus cursos primários no Hospitium Hyeresolimitamum Externato — S. Thomaz de Aquino, Escola Normal de Ouro Preto, e matriculou-se no Seminário aos 11-1-1899, sendo Reitor o Padre Cornaglioto. Foi tonsurado na Capela do Seminário de Mariana, aos 18-111-1904. Recebeu as ordens Menores e sacras em 30-111-1906, o Subdiaconato e Diaconato em 1907, e finalmente, o Presbiterato aos 19-IV-1908 na Matriz de Ouro Preto por D. Silvério Gomes Pimenta. Foi Vigário Coadjutor da Cidade de Jequery, com residência em São Sebastião da Grota, de 1908 a 12-VII-1911. Vigário em Melo do Desterro de 1911 a 22-11-1914. Vigário de Santa Rita da Glória de 1914 a 09-VII-1918. Cura d'almas em Mathias Barbosa de 1918 a 26-XI-1920. Detentor de vários títulos honoríficos, eclesiásticos e civis, como Benfeitor Salesiano e Cooperador. Benfeitor Guarda de Honra Canônico de Loreto; Benfeitor da Arquidiocese de Mariana. Ex-Efetivo Capitular Metropolitano, e outros.

Em razão do seu predecessor, Vigário CÍCERO SALLES, por motivo de saúde ser forçado a deixar a Cidade de Resende, foi nomeado o 15» Vigário da Paróquia o CÓNEGO ANTÓNIO AURÉLIO DE MAGALHÃES, resignatário da Catedral de Ma-nana. Resende é a primeira Paróquia fluminense confiada à sua esclarecida e inteligente orientação espiritual, celebrando sua primeira missa no dia 09 de novembro de 1923, na Matriz.
Homem de cultura pouco vulgar, devotado inteiramente ao seu sacerdócio, um pastor de almas modelar, foi um perfeito analisador das condições sociais e religiosas do meio resendense, e a Paróquia recebeu serviços indeléveis. Escritor. Editou um livro sobre assuntos do foro eclesiástico, obra de grande vulto, com matéria convincente, clara e explícita na sua argumentação. Advogou no crime, em Mariana, onde mostrou profundos conhecimentos jurídicos na tribuna, em defesa de seus constituintes.

 

 

 

Fonte: NOTAS GENEALÓGICAS - de famílias vinculadas em Resende - Casamentos 501 a 602 e 701 - Padres, histórias e biografias - Homenagem ao Sesquicentenário da Independência - ITAMAR BOPP

Cópia do livro e organização por Consuelo Maria Freire Guimarães

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