border=0


"Nosso Grupo de Genealogia da Familia Freire será tão forte quanto seus membros o façam"

border=0

A TERRA ROXA

(considerações)

 

Transcrição dos artigos  publicados no jornal  “A Província de São Paulo”,  nos dias: 2, 3, 5, 6, 7, 8 e 10 de dezembro de 1876, pelo ilustre resendense, Dr. Luiz Pereira Barretto, que antecedeu de alguns anos a derrocada plena dos cafezais fluminenses e apregoava que um novo ciclo cafeeiro estava nascendo nas terras roxas encaracoladas do “Oeste” paulista. Com a precisão de um sismógrafo, pressentiu e anunciou em uma série de artigos publicados sob o título de “A Terra Roxa”, que vislumbrava  a calamidade  iminente da lavoura cafeeira fluminense, em estado potencial e apontava S.Paulo como a tábua da salvação pública.

 “A Província do Rio de Janeiro - dizia ele – todos o sabem, manifestou um rápido desenvolvimento material e mental, e tornou-se em pouco tempo a primeira dentre as principais províncias do império. Entretanto, não se precisa ser profeta para se avançar sem receio de errar, que os seus dias estão contados e que o mais sombrio prospecto de futuro já a ameaça e a  domina efetivamente.”

Grande, como natural, era o prestígio do culto  e bondoso cidadão junto à sua originária “grei”,quando pela  imprensa dava ele conta das suas impressões sobre as “terras roxas” que visitara, sobre a  rara fertilidade  delas ,sobretudo para a cultura do café, ali  então  apenas embrionária, foi o começo do êxodo por parte dos cafeicultores  daquele recanto a sudeste da Mantiqueira, onde ,como aliás algures, ecoava  forte a voz do ilustre patrício. Despovoavam-se, Resende, Barra Mansa, Queluz, S.José do Barreiro, Silveiras, Bananal e terras adjacentes. Resende, sobretudo.

As lavouras de café e de cana de açúcar produziram a riqueza, mas haviam decaído definitivamente. Os grandes capitais acumulados, não se renovavam mais nas lavouras e a geração contemporânea e a seguinte estavam condenadas a viver das economias dos seus predecessores.

E sobre a ubérrima terra roxa do “Oeste” paulista, dizia ele – “É na constituição física e na espessa camada do terreno roxo que reside o segredo da sua uberdade e toda a garantia da província de São Paulo. E explica: é ela que determina o estado granuloso, pulverulento,  encaracolado, do terreno roxo, e que o faz mole, logo permeável  e perfeitamente esponjóide. É este estado esponjoso e não a suavidade dos lançantes dos chapadões, que explica o alto poder higrométrico da terra roxa, a sua fácil embebição pelas águas pluviais e a absorção completa e imediata das águas de chuva, que nos dá a razão do fato  de  não haver aí  essas  pavorosas  enxurradas que em outros lugares,  destituem em breve tempo a terra de suas funções fitogênicas.”

Contudo, meu intuito é resgatar a memória deste que foi uma das mais ilustres e inteligentes personalidades da nossa intelectualidade científica. Seus artigos nos jornais: “A Província de São Paulo” e “O Estado de São Paulo”, durante 36 anos, marcaram época e iluminam em muitas ocasiões, os caminhos e rumos de nossa sociedade, até então dominada pelos literatos e publicitas, em detrimento de nosso desenvolvimento científico e tecnológico.  

 J.E.O. BRUNO SP, 9/09/2000

 

Fonte: Matéria enviada por:  José Eduardo de Oliveira Bruno  - SP, junho de 2004.  
E-mail: jeobruno@uol.com.br
e ou/ jeobruno@hotmail.com