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O Café e o Império

 

Pelos caminhos de ferro que ligavam Vassouras ao Rio de Janeiro corriam vagões carregados. Era o café que se dirigia ao porto para ser vendido à Europa ou aos Estados Unidos.

A rede de ferrovias que compõe a base do sistema ferroviário na América Latina é originária a esse período. Através da exportação de café, a economia brasileira reintegrou-se ao mercado mundial.

Nas fazendas de café, os trabalhos eram árduos para o escravo, principalmente quando se iniciava o período da colheita. E depois de colhido o café havia ainda muitas tarefas a cumprir: secagem, despolpamento, classificação e as várias etapas de beneficiamento requeriam muita mão-de-obra, porque quase tudo era feito manualmente.

O café foi, a partir de 1840, o principal produto de exportação brasileiro e o fator de recuperação da economia do país, que estava em crise desde a independência em virtude da decadência das principais lavouras de exportação.

Em 1861, a balança comercial brasileira já apresentava superávits, apesar do crescimento do volume das importações, agora também mais diversificadas. Importava-se grande quantidade de artigos de consumo, bem como máquinas para a agricultura e para as primeiras indústrias que começavam a surgir. O setor de transportes absorvia também grande parte das importações, especialmente para a construção de ferrovias, que facilitavam o escoamento da produção cafeeira até os portos. As exportações, porém, estavam mais concentradas.

Apesar do crescimento econômico registrado após 1860, o montante de empréstimos contraídos no exterior não diminuiu. Até 1861, os empréstimos destinavam-se a cobrir o déficit da balança comercial, a efetuar o pagamento de dívidas contraídas no período anterior de crise econômica e de instalação e consolidação do Estado nacional. A partir de 1861, o saldo da balança comercial passou a cobrir quase exclusivamente o pagamento dos antigos empréstimos. Os recursos para investimentos internos, necessários ao maior desenvolvimento da economia, tiveram então de ser buscados no exterior. Os empréstimos constantes dificultavam a acumulação de capital no país, além de contribuir para a elevação cambial e, portanto, desvalorização progressiva, embora lenta, da moeda nacional.

A economia brasileira do século XIX esteve, assim, marcada pela expansão da lavoura cafeeira, que transformou o Sudeste na região mais importante do país.

O plantio do café encontrou no vale do Rio Paraíba, em áreas situadas entre os Estados de São Paulo, Rio de janeiro e Minas Gerais, o local ideal para uma formidável expansão, que subiu as serras e acabou as matas existentes.

No início da produção o transporte do café para o porto era precário. Feito por mulas. Depois chegaram as ferrovias e os trens e tudo ficou facilitado. Na volta dessas viagens os transportes traziam ferramentas, escravos e mantimentos como bacalhau, charque e toucinho. Pouco a pouco com a riqueza da região começaram a chegar também para as fazendas dos Barões do Café, móveis, peças e utensílios de luxo, porcelanas, cristais, etc.

Quando o produto chegava ao porto havia um intermediário, chamado Comissário, que articulava a venda da produção. Toda a exportação era feita por empresários ingleses e americanos.

Os Estados Unidos tornaram-se os maiores consumidores do café brasileiro.

O café dependia e ainda depende e é regulado pelos preços do mercado externo, do mercado internacional.

Embora a Inglaterra fosse o país do qual o Brasil dependia, ou melhor, era economicamente dominado por ela, não havia muito consumo do café entre os ingleses, que estavam acostumados a tomar só o chá. Por isso, o café não era muito exportado para a Grã-Bretanha.

Assim o café, um artigo de sobremesa, tornou-se o principal produto de exportação do Brasil.

O café mudou o perfil sócio-econômico do Brasil, pois transferiu para o eixo centro-sul, o centro irradiador da economia do país e com isso, provocou definitivamente a decadência irremediável da região Nordeste, cuja economia baseava-se na cultura do açúcar.

Durante o século XIX foram levados para a região produtora de café, mais de um milhão de escravos, procedentes da África e depois das sucessivas proibições do tráfico, transferidos do Nordeste.

O café deu origem a uma nova classe social que apoiava o governo imperial e dominava a política, juntamente com os comerciantes.

No rastro do café nasceram muitas cidades, muitos latifúndios, novas fortunas e muitos Barões do Café, com os títulos de nobreza concedidos pelo Imperador. Construíram-se ferrovias e desenvolveram-se os portos de Santos e do Rio de Janeiro, os principais do Brasil até hoje.

Entre 1821 e 1830 o café correspondia a 18,4% das exportações totais do Brasil, enquanto o açúcar equivalia a 30,1%. Já na década seguinte 1831/1841 o açúcar passou a corresponder a 24% enquanto o café passou a 43,3%, e assim o produto foi num crescimento exportatório ascendente até o final do século quando chegou a corresponder a 64,5% das exportações, enquanto o açúcar baixou até 6,6%. Depois de 1871 o Brasil chegou a ser responsável pela metade da produção mundial do café.

Com a pressão para extinguir-se o trabalho escravo, os Barões do Café são forçados a introduzir o trabalho assalariado em suas fazendas, com o regime de colonato e a imigração de trabalhadores estrangeiros livres - espanhóis, italianos, japoneses - que passam a chegar ao Brasil em grandes quantidades, e contribuir para mudar o país do ponto de vista social e étnico.


Fonte: http://www.abel.com.br/edu_on/historia/trabalhos/trab12/cafe.htm Matéria enviada por:  José Eduardo de Oliveira Bruno  - SP, junho de 2004.
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